Numária do Mestre de Avis - Pranchas com macro-tipologias

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soga80
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Re: Numária do Mestre de Avis - Pranchas com macro-tipologias

#11 Mensagem por soga80 » terça dez 18, 2018 11:23 pm

José Gomes Escreveu:UAU!!!!

Serve como referência, excelente trabalho.

Sugiro ficar como inamovível.
:thumbupleft: :xmas:



jdickson
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Re: Numária do Mestre de Avis - Pranchas com macro-tipologias

#12 Mensagem por jdickson » terça dez 18, 2018 11:49 pm

Grande trabalho, Iuri! Quer de conteúdo, quer do ponto de vista gráfico. Excelentes imagens, mas o que vale, para além da qualidade/quantidade dos exemplares, é a sistematização. :clap3: :clap3: :clap3:

geocol2017
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Re: Numária do Mestre de Avis - Pranchas com macro-tipologias

#13 Mensagem por geocol2017 » terça dez 18, 2018 11:58 pm

Excelente trabalho, felicitações por esta obra que será certamente de referencia para trabalhos futuros, quer pela abordagem, quer abrangência e dinâmica deste projecto. A sistematização vai permitir uma análise mais rápida a cada um dos sistemas monetários.
Obrigado.

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doliveirarod
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Re: Numária do Mestre de Avis - Pranchas com macro-tipologias

#14 Mensagem por doliveirarod » quarta dez 19, 2018 1:18 am

Um daqueles trabalhos que vão dando importância e vida ao Fórum!
http://www.megaleiloes.com/leiloes.php? ... liveirarod ML - http://lista.mercadolivre.com.br/_CustId_14426169
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numisiuris
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Re: Numária do Mestre de Avis - Pranchas com macro-tipologias

#15 Mensagem por numisiuris » quarta dez 19, 2018 4:39 am

Muito obrigado a todos pela receptividade e pelos comentários. :)

Ora bem, a edição ainda vai demorar qualquer coisa. Vou aproveitar as férias para acabar o estudo. Tenho que remodelar o apêndice da liga para fazer a sistematização corresponder à do catálogo. Isso implica mudar numerações. E depois o Palves mata-me porque tem que alterar a estatística toda! :biglaugh: Tenho ainda que acrescentar cerca de 400 fotos à amostra. E, para mal dos meus pecados, as moedas da última vaga de leilões e permutas vieram quase todas parar às minhas mãos ou de coleccionadores próximos. Há tipologias com amostra curta, por isso já marquei novas análises para o primeiro fim de semana do próximo ano. Mal vier dessas análises, é só inserir os dados de mais 20 moedas e está pronto para ir para a gráfica. Só que isto é como as obras de Santa Ingrácia. Vamos ver se desta vez não derrapa.

Quanto à questão do Paulj, é extremamente pertinente e é daquelas questões em que se devem ouvir todas as opiniões, na esperança de que se faça alguma luz. Há que perceber que qualquer sistematização da numária de D. João I estará sempre sujeita a críticas. Quer esta, quer qualquer outra. Porquê? Porque não existem pressupostos documentais suficientemente seguros e que permitam enquadrar sem margem para dúvidas a realidade fáctica das moedas. Ou seja, no final têm sempre que se fazer opções. E essas opções normalmente implicam que todo o sistema mude, como um fole de uma concertina. Altera-se uma premissa e toda a lógica montada descarrila como peças de dominó. As opções que fiz são baseadas em argumentos, uns mais frágeis, outros mais consistentes. De qualquer modo, as opções diversas das que fiz, também têm fragilidades e méritos.

A lógica que usei para separar os reais de três libras e meia de Lisboa partiu da análise da evolução estilística. A coroa começa por ter arruelas e acaba a ter pontos grossos. E os castelos também evoluem como se detecta nos três exemplares usados na prancha. A tipologia da legenda e dos separadores também encaixa. Só que naqueles que considerei "dos velhos" existem legendas "IOANS" muito esquisitas. Ou seja, os reais de três libras e meia de Lisboa estão ordenados cronologicamente do modo como é possível ordená-los cronologicamente, isto é, atendendo ao estilo. Os resultados de liga são uma desgraça, porque as variações são enormes. De qualquer modo, os "Da rosa" (aqueles que têm rosetas no interior dos arcos que ladeiam a letra) deveriam ter 3 dinheiros. E apareceu uma moeda com essa lei, em dezenas delas. Mas apareceu... Os que considerei "Dos Segundos" (os que não têm qualquer elemento no interior dos arcos que ladeiam a letra) têm os castelos iguais aos de arcos duplos em cobre. Daí fazerem sentido como os últimos do sistema do real de três libras e meia. E depois sobravam os restantes (aqueles que têm outros elementos que não rosetas no interior dos arcos que ladeiam a letra). E eu agarrei no martelo e chamei-lhes "Dos Velhos". Mas o drama é que se não martelasse nessa direcção, não fazia ideia de como podia martelar. Podia sempre chamar-lhes os "Reais de Três Libras e Meia Atípicos", mas pareceu-me mais ajuízado o encaixe nas fontes históricas.

Convém pesar outras premissas. Este excerto retirado da Monumenta Henricina e que retrata o que se estipulou nas Cortes de Évora de 1408, dá algumas pistas que me parecem balizar uma série de questões:
Imagem
Por um lado, a denominação "Dos Segundos" costuma ser aplicada a moedas de cobre. Aconteceu isso nos meios reais cruzados por exemplo. Nesse sentido, os reais de arcos duplos, com cruzes páteas, sem sinais ocultos e feitos de cobre, com o peso de 2,40 gramas, podiam ser, como se sugeria até agora, "os segundos". A evolução estilística encaixaria. Só que o que se diz nas Cortes de Évora é que:

1-Os reais de três libras e meia estavam a ser drenados do reino porque tinham muito boa liga;
2-Os meios reais cruzados deveriam ser "tão leais" quanto os reais de três libras e meia eram.

E isto é uma chatice, porque toda a gente acredita que o sistema do meio real cruzado tenha começado na lei de 1 dinheiro, embora me pareça que a amostra demonstra que começou pelo menos a dinheiro e meio. Ainda assim, tudo isto é perfeitamentente incompatível com reais de três libras e meia de cobre anteriores a 1408. Daí que, enquadrada a evolução estilística, aqueles que defini como "Dos Segundos" tenham que ser os útimos antes do sistema do meio real cruzado. Se se encaixassem os de arcos duplos em cobre no sistema do real de três libras e meia (como até agora tem sido feito) ficávamos com uma realidade fáctica completamente desfazada das fontes documentais.

Por outro lado, existe um argumento muito importante para considerar que aqueles a que chamei "Da Rosa" sejam na verdade "Dos Velhos". Isto porque, no séc. XV, aquando da recolha, os "Da Rosa" eram já muito escassos e os "Velhos" extremamente abundantes. E, hoje em dia, a tipologia a que chamei "Da Rosa" é extremamente abundante e aquela que encaixei nos "Velhos" é extremamente escassa. Nesse sentido, deveriam aqueles que têm as rosetas no interior dos arcos ser "Dos Velhos". Só que depois o pessoal chateava-me, porque rosas são rosas e provou a rainha santa que se multiplicam. E eu ficava a deitar fumo da cabeça sem saber o que fazer. A liga não ajuda em nada, a não ser para distinguir os de bom bolhão dos de cobre. Os que chamei "Da Rosa" apresentam leis que vão de 1 a 3 dinheiros. Os que chamei "Dos velhos" apresentam leis que vão de 1 a 2 dinheiros. E os que chamei "Dos Segundos" apresentam leis que vão de 1 a 2 dinheiros. Será que a liga era toda mal fundida, à pressa, e uns tinham mais lei que os outros e ninguém se importava com isso, visto que o acerto corria bem no cômputo geral das fornaças? E será que depois havia uns xicos-espertos que os riscavam com a pedra, lhes aferiam o toque e os separavam, de modo a vender o metal dos de liga mais rica e a conservar no giro os de liga mais pobre? Eu sei lá responder a estas coisas... É o mesmo que me perguntarem se Deus existe... Cientificamente não tenho resposta...

Tudo isto bateria muito mais certo se considerassemos que os "Da Rosa", dos quais no séc. XV já só foram recolhidos 100, nunca chegaram aos nossos dias. Juntavamos os que considerei "Da Rosa" aos que considerei "Dos Velhos"; seriam todos "Dos Velhos", uns típicos e outros atípicos; os segundos mantinham-se iguais e algumas incoerências desapareciam. De qualquer modo, quem tinha que os distinguir não era o povo, mas os moedeiros, aquando da recolha. E para esses efeitos as características tipológicas apontadas servem o propósito. Só que depois há a moeda do Dickson, que deu 33% de prata, com resultados coerentes em ambas as faces. A lei de 3 dinheiros dá 25%. Ora, ainda que esta moeda tenha sido branqueada por corrosão selectiva do cobre à superfície, remanescendo a prata e por isso estando a análise afectada visto ser superficial, a verdade é que o dito branqueamento nos dá uma margem de 8% até à lei de três dinheiros. E isto é muito mais do que a margem de erro descrita no único estudo que se fez acerca do branqueamento em Portugal e que foi o dos dinheiros novos (Carter). Para mais, a coerência de resultado nas duas faces não é idónea a pensar nos efeitos de um quaalquer branqueamento. Para mais ainda, sabemos que já nos brancos e nos meios cruzados há ligas diferentes independentemente de caraterísticas tipológicas. E fico com a palavra "renovationes" a cirandar na cabeça. E essa palavra, interpretada de acordo com o português moderno, só pode querer significar algo parecido com burla. Daí que existam todas aquelas disposições dos capítulos das cortes, a forçar a aceitação da moeda. O Eng. Magro, nos reais brancos, fala em recolhas rápidas. Talvez faça sentido essa lógica. Perceber que quando se lançava uma nova emissão a outra era recolhida, implicando isso a não circulação concomitante. Só que tenho dúvidas que essa recolha pudesse, abrangentemente, processar-se com rapidez. Se ainda hoje isso é impossível, muito mais o seria com as condições de vida da Baixa Idade Média.

Escrevi um capitulo de perspectivas futuras precisamente para pôr o estudo em causa e apontar outros caminhos possíveis para as questões mais fracturantes. Espero que alguém no futuro venha a aprofundar certas questões. Eu, com os meios de que disponho, não tenho capacidade para fazer melhor.

Ainda quanto à amostra e à escassez, os que hoje em dia mais aparecem são os "Da Rosa", que são extremamente comuns, encontrando-se muitos em estado superior. Os "Segundos" são relativamente escassos e aparecem muito menos, embora haja ainda alguns exemplares em estado superior. Já quanto aqueles a que chamei "Dos Velhos", arrisco dizer que sejam raros e em estado superior há um ou dois.

Venham de lá luzes que possam deixar toda a gente satisfeita. Neste momento já é o que mais quero. Isso e mandar imprimir a coisa, para mudar de fase! :)

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silvio2
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Re: Numária do Mestre de Avis - Pranchas com macro-tipologias

#16 Mensagem por silvio2 » quarta dez 19, 2018 9:17 am

Depois de ler este magnífico texto, "quase que me faltam" as palavras para elogiar todo o esforço, físico e intelectual, que o nosso Amigo Iuri tem despendido para a feitura da obra, cuja edição, expectantes e ansiosos, aguardamos ... ;)
Obrigado, uma vez mais. :thumbupleft:
.
:xmas:
Cumprimentos,
Sílvio Silva

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Mmatos
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Re: Numária do Mestre de Avis - Pranchas com macro-tipologias

#17 Mensagem por Mmatos » quarta dez 19, 2018 8:19 pm

numisiuris Escreveu:...
Venham de lá luzes que possam deixar toda a gente satisfeita. Neste momento já é o que mais quero. Isso e mandar imprimir a coisa, para mudar de fase! :)
Luz é que nos dás com este magnífico trabalho. Pouca gente se abalançaria a uma tarefa destas dimensões e todos os agradecimentos que possamos dirigir-te não chegam para compensar-te minimamente das centenas de horas aplicadas por ti na sua execução. Bem hajas ! :thumbupleft:

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soga80
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Re: Numária do Mestre de Avis - Pranchas com macro-tipologias

#18 Mensagem por soga80 » quarta dez 19, 2018 11:43 pm

Muito obrigado...

paulj
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Re: Numária do Mestre de Avis - Pranchas com macro-tipologias

#19 Mensagem por paulj » quinta dez 20, 2018 1:03 am

numisiuris Escreveu:Muito obrigado a todos pela receptividade e pelos comentários. :)

Ora bem, a edição ainda vai demorar qualquer coisa. Vou aproveitar as férias para acabar o estudo. Tenho que remodelar o apêndice da liga para fazer a sistematização corresponder à do catálogo. Isso implica mudar numerações. E depois o Palves mata-me porque tem que alterar a estatística toda! :biglaugh: Tenho ainda que acrescentar cerca de 400 fotos à amostra. E, para mal dos meus pecados, as moedas da última vaga de leilões e permutas vieram quase todas parar às minhas mãos ou de coleccionadores próximos. Há tipologias com amostra curta, por isso já marquei novas análises para o primeiro fim de semana do próximo ano. Mal vier dessas análises, é só inserir os dados de mais 20 moedas e está pronto para ir para a gráfica. Só que isto é como as obras de Santa Ingrácia. Vamos ver se desta vez não derrapa.

Quanto à questão do Paulj, é extremamente pertinente e é daquelas questões em que se devem ouvir todas as opiniões, na esperança de que se faça alguma luz. Há que perceber que qualquer sistematização da numária de D. João I estará sempre sujeita a críticas. Quer esta, quer qualquer outra. Porquê? Porque não existem pressupostos documentais suficientemente seguros e que permitam enquadrar sem margem para dúvidas a realidade fáctica das moedas. Ou seja, no final têm sempre que se fazer opções. E essas opções normalmente implicam que todo o sistema mude, como um fole de uma concertina. Altera-se uma premissa e toda a lógica montada descarrila como peças de dominó. As opções que fiz são baseadas em argumentos, uns mais frágeis, outros mais consistentes. De qualquer modo, as opções diversas das que fiz, também têm fragilidades e méritos.











































































































































































































































A lógica que usei para separar os reais de três libras e meia de Lisboa partiu da análise da evolução estilística. A coroa começa por ter arruelas e acaba a ter pontos grossos. E os castelos também evoluem como se detecta nos três exemplares usados na prancha. A tipologia da legenda e dos separadores também encaixa. Só que naqueles que considerei "dos velhos" existem legendas "IOANS" muito esquisitas. Ou seja, os reais de três libras e meia de Lisboa estão ordenados cronologicamente do modo como é possível ordená-los cronologicamente, isto é, atendendo ao estilo. Os resultados de liga são uma desgraça, porque as variações são enormes. De qualquer modo, os "Da rosa" (aqueles que têm rosetas no interior dos arcos que ladeiam a letra) deveriam ter 3 dinheiros. E apareceu uma moeda com essa lei, em dezenas delas. Mas apareceu... Os que considerei "Dos Segundos" (os que não têm qualquer elemento no interior dos arcos que ladeiam a letra) têm os castelos iguais aos de arcos duplos em cobre. Daí fazerem sentido como os últimos do sistema do real de três libras e meia. E depois sobravam os restantes (aqueles que têm outros elementos que não rosetas no interior dos arcos que ladeiam a letra). E eu agarrei no martelo e chamei-lhes "Dos Velhos". Mas o drama é que se não martelasse nessa direcção, não fazia ideia de como podia martelar. Podia sempre chamar-lhes os "Reais de Três Libras e Meia Atípicos", mas pareceu-me mais ajuízado o encaixe nas fontes históricas.

Convém pesar outras premissas. Este excerto retirado da Monumenta Henricina e que retrata o que se estipulou nas Cortes de Évora de 1408, dá algumas pistas que me parecem balizar uma série de questões:
Imagem
Por um lado, a denominação "Dos Segundos" costuma ser aplicada a moedas de cobre. Aconteceu isso nos meios reais cruzados por exemplo. Nesse sentido, os reais de arcos duplos, com cruzes páteas, sem sinais ocultos e feitos de cobre, com o peso de 2,40 gramas, podiam ser, como se sugeria até agora, "os segundos". A evolução estilística encaixaria. Só que o que se diz nas Cortes de Évora é que:

1-Os reais de três libras e meia estavam a ser drenados do reino porque tinham muito boa liga;
2-Os meios reais cruzados deveriam ser "tão leais" quanto os reais de três libras e meia eram.

E isto é uma chatice, porque toda a gente acredita que o sistema do meio real cruzado tenha começado na lei de 1 dinheiro, embora me pareça que a amostra demonstra que começou pelo menos a dinheiro e meio. Ainda assim, tudo isto é perfeitamentente incompatível com reais de três libras e meia de cobre anteriores a 1408. Daí que, enquadrada a evolução estilística, aqueles que defini como "Dos Segundos" tenham que ser os útimos antes do sistema do meio real cruzado. Se se encaixassem os de arcos duplos em cobre no sistema do real de três libras e meia (como até agora tem sido feito) ficávamos com uma realidade fáctica completamente desfazada das fontes documentais.

Por outro lado, existe um argumento muito importante para considerar que aqueles a que chamei "Da Rosa" sejam na verdade "Dos Velhos". Isto porque, no séc. XV, aquando da recolha, os "Da Rosa" eram já muito escassos e os "Velhos" extremamente abundantes. E, hoje em dia, a tipologia a que chamei "Da Rosa" é extremamente abundante e aquela que encaixei nos "Velhos" é extremamente escassa. Nesse sentido, deveriam aqueles que têm as rosetas no interior dos arcos ser "Dos Velhos". Só que depois o pessoal chateava-me, porque rosas são rosas e provou a rainha santa que se multiplicam. E eu ficava a deitar fumo da cabeça sem saber o que fazer. A liga não ajuda em nada, a não ser para distinguir os de bom bolhão dos de cobre. Os que chamei "Da Rosa" apresentam leis que vão de 1 a 3 dinheiros. Os que chamei "Dos velhos" apresentam leis que vão de 1 a 2 dinheiros. E os que chamei "Dos Segundos" apresentam leis que vão de 1 a 2 dinheiros. Será que a liga era toda mal fundida, à pressa, e uns tinham mais lei que os outros e ninguém se importava com isso, visto que o acerto corria bem no cômputo geral das fornaças? E será que depois havia uns xicos-espertos que os riscavam com a pedra, lhes aferiam o toque e os separavam, de modo a vender o metal dos de liga mais rica e a conservar no giro os de liga mais pobre? Eu sei lá responder a estas coisas... É o mesmo que me perguntarem se Deus existe... Cientificamente não tenho resposta...

Tudo isto bateria muito mais certo se considerassemos que os "Da Rosa", dos quais no séc. XV já só foram recolhidos 100, nunca chegaram aos nossos dias. Juntavamos os que considerei "Da Rosa" aos que considerei "Dos Velhos"; seriam todos "Dos Velhos", uns típicos e outros atípicos; os segundos mantinham-se iguais e algumas incoerências desapareciam. De qualquer modo, quem tinha que os distinguir não era o povo, mas os moedeiros, aquando da recolha. E para esses efeitos as características tipológicas apontadas servem o propósito. Só que depois há a moeda do Dickson, que deu 33% de prata, com resultados coerentes em ambas as faces. A lei de 3 dinheiros dá 25%. Ora, ainda que esta moeda tenha sido branqueada por corrosão selectiva do cobre à superfície, remanescendo a prata e por isso estando a análise afectada visto ser superficial, a verdade é que o dito branqueamento nos dá uma margem de 8% até à lei de três dinheiros. E isto é muito mais do que a margem de erro descrita no único estudo que se fez acerca do branqueamento em Portugal e que foi o dos dinheiros novos (Carter). Para mais, a coerência de resultado nas duas faces não é idónea a pensar nos efeitos de um quaalquer branqueamento. Para mais ainda, sabemos que já nos brancos e nos meios cruzados há ligas diferentes independentemente de caraterísticas tipológicas. E fico com a palavra "renovationes" a cirandar na cabeça. E essa palavra, interpretada de acordo com o português moderno, só pode querer significar algo parecido com burla. Daí que existam todas aquelas disposições dos capítulos das cortes, a forçar a aceitação da moeda. O Eng. Magro, nos reais brancos, fala em recolhas rápidas. Talvez faça sentido essa lógica. Perceber que quando se lançava uma nova emissão a outra era recolhida, implicando isso a não circulação concomitante. Só que tenho dúvidas que essa recolha pudesse, abrangentemente, processar-se com rapidez. Se ainda hoje isso é impossível, muito mais o seria com as condições de vida da Baixa Idade Média.

Escrevi um capitulo de perspectivas futuras precisamente para pôr o estudo em causa e apontar outros caminhos possíveis para as questões mais fracturantes. Espero que alguém no futuro venha a aprofundar certas questões. Eu, com os meios de que disponho, não tenho capacidade para fazer melhor.

Ainda quanto à amostra e à escassez, os que hoje em dia mais aparecem são os "Da Rosa", que são extremamente comuns, encontrando-se muitos em estado superior. Os "Segundos" são relativamente escassos e aparecem muito menos, embora haja ainda alguns exemplares em estado superior. Já quanto aqueles a que chamei "Dos Velhos", arrisco dizer que sejam raros e em estado superior há um ou dois.

Venham de lá luzes que possam deixar toda a gente satisfeita. Neste momento já é o que mais quero. Isso e mandar imprimir a coisa, para mudar de fase! :)
Obrigado pelos esclarecimentos, bom trabalho!

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