O que faz uma moeda ser "Brasileira"? - Proposta de debate

[Pedro Leg]

(...)
Portugal gerou um acervo muito detalhado de todos movimentos econômicos muito bem descritos, para o período brasilerio, na obra "história monetária do Brasil colonial" de S. Sombra * (vale a leitura de cada página)
(...)

* http://www.forum-numismatica.com/viewto ... 74#p876174

Ainda não acabei de ler o livro mas posso adiantar já que é muito interessante e de fácil leitura.

Obrigado caro Sílvio.

[José Gomes]

Concordo com os amigos! Agora então alguém poderia me explicar porque raios as moedas obsidionais constam em nossos catálogos!?

Pelo simples fato de ostentar, pela primeira vez, o nome Brasil numa moeda e de ser uma forma de contestar o fim do domínio espanhol sobre Portugal no período, nem Holanda nem Portugal curtiam essa idéia de serem tutelados e com a restauração lusa eram bem confusas essas fronteiras. É um pontual de referência, porquê não?

Sim, eis uma verdade inquestionável: as obsidionais brasileiras feitas aqui na cidade Maurícia (Recife, hoje), pelos holandeses.

[Numisatlantica]

Concordo com os amigos! Agora então alguém poderia me explicar porque raios as moedas obsidionais constam em nossos catálogos!?

Pelo simples fato de ostentar, pela primeira vez, o nome Brasil numa moeda e de ser uma forma de contestar o fim do domínio espanhol sobre Portugal no período, nem Holanda nem Portugal curtiam essa idéia de serem tutelados e com a restauração lusa eram bem confusas essas fronteiras. É um pontual de referência, porquê não?

Por esse aspecto até entendo... mas ainda penso não se enquadrarem como pertencentes a numisma brasileira... até porque na época de sua cunhagem as mesmas pertenciam a Companhia Holandesa das Índias ocidentais, que era de fato, a proprietária das terras no nordeste por elas invadidas. Naquele momento histórico, aquele pedaço de terra não era luso, mas pertencente a uma empresa privada holandesa. Tanto que a circulação dessas moedas fora dessas terras controladas pela C.H.I.O. era proibida por lei.

Guardadas as devidas proporções, seria como se os Reales Hispânicos entrassem na numismática brasileira, pelo fato de terem circulado livremente como moeda corrente nas províncias mais ao sul (São Paulo por exemplo teve larga utilização desta moeda até meados do século 17).

[AdrianoHS]

Pessoalmente as acho emissão particular, ainda mais por ser de emergência. Consta da numária brasileira pelo aspecto inédito de trazer o nome do país em sí. Tem quem as defenda como oficiais. O que é irrelevante em ambos os casos, são praticamente unicórnios bizarros e poucos ou ninguém deitarão mão numa legítima. Não alterará em nada a idéia de meio circulante regular do estado luso/brasileiro de seu tempo.

[Numisatlantica]

Pessoalmente as acho emissão particular, ainda mais por ser de emergência. Consta da numária brasileira pelo aspecto inédito de trazer o nome do país em sí. Tem quem as defenda como oficiais. O que é irrelevante em ambos os casos, são praticamente unicórnios bizarros e poucos ou ninguém deitarão mão numa legítima. Não alterará em nada a idéia de meio circulante regular do estado luso/brasileiro de seu tempo.

Concordo plenamente com o amigo...as considero também como emissão particular

[RBNumis]

No meu entender, ou seja, na minha opinião particular, as obsidionais são moedas de emergência, emitidas durante o cerco português, para pagar o soldo dos soldados holandeses e foram emitidas pelo ''Estado'' «Nieuw Holland», Nova Holanda, que era como se chamava a colônia holandesa no nordeste do Brasil Português.

A colônia da Nova Holanda era uma colônia pertencente à «Companhia das Índias Ocidentais», que era uma companhia majestática, ou seja, uma EMPRESA PRIVADA, pertencente a acionistas privados (em sua maioria, judeus, como Isaac de Pinto, e outros...) que contava com uma Carta de Concessão do governante para colonizar o que fosse encontrado, e deter o monopólio de produção e exportação, em nome do Estado Holandês.

Nas colônias administradas por concessão, o poder público não se exercia diretamente por meio dos Órgãos do Estado soberano, (como é o caso em Portugal da época), mas é confiado pelo Estado a sociedades comerciais que o exercem sob fiscalização do governo, e EM NOME do governo.

Assim sendo, as colônias da «Companhia das Índias Ocidentais» assim como a da «Companhia das Índias Orientais» (que atuou na região da Indonésia, etc) mesmo sendo empresas privadas, são companhias majestáticas, e devem ser consideradas como sendo o próprio Estado Holandês a atuar na colonização das terras descobertas ou invadidas.

Os portugueses derrotaram a Nova Holanda. Os holandeses foram escorraçados, mortos e expulsos, e Portugal retomou aquelas terras pra si. Episódio conhecido como "Batalha dos Guararapes"

E se a Nova Holanda tivesse vencido a guerra, tocado o terror no coração do soldado português, e consolidado ali um Estado, o qual porventura poderia existir até os dias de hoje? Como ficariam as obsidionais? Na coleção brasileira, ou na coleção da Nova Holanda?

Assim sendo: Moedas obsidionais: Trata-se de moeda NOVO-HOLANDESA, (e NÃO brasileira ou portuguesa), emitida pela colônia da Nova Holanda, pertencente a «Companhia das Índias Ocidentais», ou seja, é a própria representação do Estado Holandês, e seu lugar correto de catalogação é nos catálogos numismáticos HOLANDESES, em uma seção à parte, no final. PAÍSES BAIXOS >> COMPANHIA DAS ÍNDIAS OCIDENTAIS >> NOVA HOLANDA.

O fato da moeda trazer a inscrição "Brasil" não quer dizer absolutamente N-A-D-A.

A moeda NÃO faz parte da coleção numismática brasileira, tampouco da portuguesa colonial. Além disso, o cidadão português da época que fosse pego com uma dessas ao bolso, estaria em maus lençóis, pra dizer o mínimo.

O fato de moedas estrangeiras circularem nas atuais terras brasileiras, em outras épocas, não as torna parte da coleção numismática brasileira.

Os reales espanhóis que aqui foram aceitos como pagamento, continuam sendo moedas espanholas.

As macutas de cobre cunhadas da Casa da Moeda do Rio de Janeiro, não são peças brasileiras. Apenas foram produzidas aqui, mas pra circular em Angola, Guiné, São Tomé e Príncipe, Moçambique. Por alguma razão ob$$$cura, editores de catálogo brasileiros as incluem em seus compêndios.

Os atuais Kwanzas bimetálicos de Angola, que vez ou outra aparecem nos trocos no comércio do Brasil atual, sendo passadas como se fossem a moeda de 1 Real (mesmo valendo 10 vezes menos... ), continuam sendo moedas angolanas. Da mesma forma, as moedas de 10 cêntimos de Euro que as vezes acham-se nos trocos aqui no Brasil sendo passadas como se fossem 10 centavos de Real, também continuam sendo moedas européias.

MOEDAS BRASILEIRAS: São aquelas cunhadas após a Independência, em 1822. As anteriores a isso, como dito acima, são peças do real Erário Português, sendo que algumas são "moeda fraca", mesmo facial das moedas da metrópole, mas peso inferior, e emitidas especialmente para circularem nas colônias. Claro que os editores de catálogo vão discordar, afinal, um grande quinhão de vendas numismáticas no Brasil se dá com os colecionadores de 960 Réis e seus recunhos, e os mesmos não vão querer perder essa boquinha...