


Caros Colegas,
Volta e meia aparece a pergunta e as dúvidas sobre o Carimbo de Piratini. Se foram ou não feitos na época ou após, se eram oficiais ou não. Kurt Prober em seu catálogo sobre o Cobre, fala que existe somente um AUTÊNTICO, os outros 4 ou 5 tipos seriam falsificações feitas a partir de 1924 no Rio de Janeiro.
O AUTÊNTICO que Prober fala, creio ser em termos de o original. Agora se ele foi realmente feito na época da República de Piratini, após ela, se oficial, ou por um indivíduo, ou mesmo quem sabe um ensaio de um possível carimbo a ser usado, nunca se chegou a um ponto comum.
Eu em meus passeios pela internet lí muitos documentos, com os quais junto com conversas com alguns amigos, formei a minha opinião particular. E é isso que expresso aqui, minha opinião particular, pois respeito a de cada colega.
Sempre que converso sobre as peças, recordo dos documentos que lí, muitos não achei mais, mas estes dias consegui reencontrar uma parte deles, e fiz um pouco mais de pesquisa. Decidi para não perder mais colocar aqui o que achei e minha opinião.
Em tudo que li, sempre soube que a República Rio Grandense nunca fez uma carimbagem oficial em cobre ou qualquer metal, então o carimbo fica em duas hipóteses, ou um ensaio de um carimbo, ou alguma emissão particular para comemorar antes ou depois do período, possivelmente depois.
Com isso fico na opção de algo particular. Carimbos particulares em cobres eram muito comuns, como podemos ver no próprio Prober com sua lista extensa deles, e também digo isso pela sua escassa quantidade do dito AUTÊNTICO pelo Prober.
E de onde tiro estas conclusões? Vejam abaixo alguns documentos que achei na internet, infelizmente a qualidade dos documentos é ruim, mas é possível entender o conteúdo, sei que é muita coisa, mas é para que possam saber de onde vem meus argumentos :
Textos retirados da Revista do instituto Histórico Geographico e Ethnographico do Brasil de 1883.

Indice que lista quase 400 páginas de documentos sobre o assunto.

Nota que fala sobre o recolhimento do cobre.

Imagem do Conhecimento para o recolhimento do Cobre.

Agradecimento de 13/08/1838 de entre outras coisas, do recolhimento do cobre.

Nota de 01/07/1839 falando do sucesso do recolhimento do cobre.

Nota de 28/02/1843 sobre aceite de cobre no limite de 100 réis. (embora recolhido, ele continuava a entrar através do comércio, e a falta de troco miudo forçou a República Rio Grandense a aceitar o cobre que deveria ser recolhido como pagamento de troco)

Curiosidade sobre a possibilidade de se cunhar moeda de prata de 100 réis em 1839 para troco.

Jornal O POVO de 1838 feito na República Rio Grandense, com o decreto do Recolhimento do cobre.




Sobre tudo isso, se percebe o seguinte, a posição que teve a República Rio Grandense foi muito semelhante a do Império, recolher o cobre que estava causando problemas no comércio, e sua troca por conhecimentos em papel. Em nenhum momento se fala de carimbar e retornar o cobre carimbado, apenas sua retirada, a qual é muito bem vinda pela população.
Se fala de um volume provável de 33 contos de réis de conhecimentos. Mesmo somente com parte dele recolhido, seria um volume considerável, se ele foi efetivamente carimbado, deveria haver muito, muito mais peças por ai hoje em dia, não somente algumas peças.
Há outros trechos que falam os mesmos assuntos, não os coloco aqui. Juntando tudo isso chego a conclusão :
- Na República Rio Grandense existiu o recolhimento do cobre como no império, mas diferindo que sem a intenção de voltar a circulação.
- O cobre sempre era trocado por conhecimentos, e houve até a possibilidade de emissão de moeda de prata (pena que nunca se realizou) de 100 réis ou menos para suprir o troco, necessidade que não ocorreria se o cobre fosse carimbado e retornasse a circular.
E é por isso, que na minha opinião o carimbo é algo comemorativo e particular. Ouso até dizer que ele segue o mesmo caminho que o carimbo de ICO, que Prober coloca como um carimbo particular, com diversos falsos, carimbados em quantidade e feitos para alimentar os colecionadores, onde os originais são contados nos dedos, e com os originais perdidos no meio deles.
Mas como eu disse, é uma opinião particular de alguém que tem muito a aprender ainda, mas também gosta de expressar o que acha.
Quem discordar ou tiver algo a dizer fique a vontade, reconheço que com opiniões iguais não se aprende nada de novo, divergências em um assunto só aumentam nosso conhecimento.
Um abraço,
Rogério