Minha última opinião aqui:
Acho que temos um consenso (eu, o Paul e o Fabiano) em crer que a sua moeda é falsa de época. Na minha cabeça tenho 100% de certeza que a moeda apresentada é falsa de época. Também tenho razoável certeza de quê não há tantas variantes assim, tendo em vista que mesmo na maior casa da moeda (no Rio de Janeiro) não havia tantos abridores de cunhos para termos tantas variedades de cunhos, além de que os mesmos gravadores trabalhavam na CM há décadas, impossibilitando a mudança estilística tão drástica, mesmo de um ano para o outro.
Lendo as entrelinhas da lei de Outubro de 1835, podemos ter certeza de que o meio de cobre circulante na época tinha cerca de 50% dele composto de moedas falsas, pois se não fosse um número assim a lei não faria sentido (o objetivo secundário da lei era a uniformização do padrão das moedas de cobre aqui no Brasil). Temos de ater também à questão dos carimbos de escudete falsos (o Fabiano inclusive mostrou vários recentemente sobre XX Réis PPPP) que também inflacionavam o meio circulante de cobre.
Também deixo esse excelente artigo escrito pelo forista numismatica_bentes, sobre o derrame do cobre falso, cujas imagens alisto abaixo:
http://www.mbaeditores.com/2013/03/o-de ... falso.html
20 réis 1828 R - Falsa fabricada nos EUA
20 réis 1830 R - Falsa americana
20 réis 1829 R - Falsa (legenda invertida)
Exemplares falso e autêntico, respectivamente, de um 40 réis de cobre 1827 da Casa da Moeda do Rio de Janeiro. À esquerda, falsa de “excelente” contrafação.
80 réis 1825 R - Recunhada sobre 40 réis de 1823
80 réis 1826 R - Falsa contrafeita nos EUA
80 réis 1829 R - Falsa (PETRUS II), com Talho da Lei.
80 réis 1830 R - Falsa americana
80 réis 1826 R - Anverso sem pontuação, reverso invertido - Falsa
E sobre o volume de moeda falsa, creio que essa parte diz tudo:
Pouco depois de assumir a presidência da Província da Bahia, em 11 de outubro de 1827, José Egídio Gordilho de Barbuda, tempos depois Visconde de Camamu, ficou espantado com a quantidade de moeda de cobre falso que se encontrava em circulação. Era tão grande que, escrevendo a D. Pedro I, com o qual tinha boas relações, observou que quando foi governar a Bahia, acreditava que iria encontrar algumas moedas falsas circulando no meio das verdadeiras. Mas chegando àquela Província, verificou que sucedia exatamente o contrário; existia um pequeno número de moedas verdadeiras girando entre uma quantidade incomensurável de moedas falsas.
E encerro com uma frase do físico Neil deGrasse Tyson sobre o pensamento que o físico tem que ter sobre o universo (e acho que se aplica perfeitamente com o pensamento que o numismata tem que ter sobre as moedas): "[We must] see the universe as it is, rather than as we wish it to be."
