Esta análise era para vir apenas no estudo sobre a numária de D. Duarte, mas como ainda deve demorar um tempinho e antes que mais alguém ande a gastar as poupanças em medalhas fica aqui a partilha

Isto de estudar numárias por inteiro tem a vantagem de trazer ao de cima as diferenças. Um gajo olha para as moedas e há coisas que não encaixam mesmo que não se perceba logo o porquê!! Este exemplar, e de início era só um, andou posto de lado durante uns tempos até eu ter tempo de me dedicar a ele, tudo basicamente porque o L correspondente à letra de cunhagem não encaixava nos parâmetros da época. Depois foi a legenda que não tinha ponta por onde se lhe pegasse, mas ainda assim inconclusivo. Só quando apareceu uma moeda híbrida à venda numa leiloeira internacional com este cunho e com uma mega foto é que a questão se começou a resolver.. Aumentando a pesquisa a Afonso V dei com mais uma híbrida no AG com o mesmo cunho e daí a perceber que a de D. Duarte era a mesma foi um saltinho. Mais uma pesquisa e lá aparece outra. São portanto, pelo menos, 5 clones que por aí andam (a da leiloeira internacional perdi a foto)!!
O falsificador foi inteligente, põe uma no mercado português como híbrida e passado uns anos põe outra no estrangeiro, simultâneamente desgasta as peças e introduz mais umas duas ou três como sendo de D. Duarte e como a maior parte dos exemplares aparece muito desgastada a malta não liga muito à legenda e coisa vai fluindo satisfatoriamente

Concluindo o homem deve olhar para o AG com orgulho, pois tem duas moedas da mesma fornada a ilustrar duas variantes diferentes, sendo uma inventada por ele!! Ah e ainda enganou a Numisma que levou uma à praça várias vezes!
Pois pergunto eu será esta a falsificação mais bem sucedida dos últimos tempos?!

Exemplar 1 ilustra a referência híbrida em Afonso V no AG
Exemplar 2 ilustra a referência 03.04 no AG
Exemplar 3 levado à praça pela Numisma (leilão 94)
Exemplar 4 retirada de um post no forum Numismatas
Nota: Em 46 moedas que até agora analisei nenhuma partilha cunho de reverso e anverso em simultâneo.
Fora brincadeiras, é preocupante que tenha chegado a este ponto, pois apesar das parvoíces, dos erros e das catalogações a gosto, o AG continua a ser o catálogo de referência. Quando as falsificações servem de ilustração às referências estamos muito perto da validação das mesmas. E isso a par com a entrada da lixarada recente que tem entrado em colecções museológicas assusta-me um pouco..