Aqui vamos nos ater aos métodos chineses, que são os que mais dão problemas no que toca à cunhagem mecânica (mas também não só). Os chineses as fabricam "fakes" aos montes e empurram no mercado, temos cópias de quase todos os tipos.
As cópias chinesas eu diria que têm 3 degraus de "evolução": as mais básicas, que podem ser identificadas imediatamente; as intermediárias, que podem ser identificadas com um pouco mais de atenção e cuidado; as "superfakes", que realmente trazem problemas maiores, necessitando de exames comparativos e muito mais complexos.

Prensa utilizada da produção de falsificações em massa.

Cunhos "fake", abertos geralmente através de moldes. A falsificação chinesa em geral é feita mesmo por cunhagem.
Vejamos ver alguns exemplares comprovadamente falsos, e estudar algumas de suas características principais.
As "FALSIFICAÇÕES PRIMÁRIAS OU BÁSICAS".
Diria que foram as falsificações de "primeira geração".

23,7 gramas

22,3 gramas
As observações imediatas que fazemos quando pegamos essas falsificações básicas:
1 - O peso da moeda. Se fossem verdadeiras, as moedas da foto possuiriam um peso teórico de 26,9 gramas o primeiro exemplar, e 25 gramas o segundo. Conforme se percebe, a primeira fake tem 23,7 gramas, e a segunda 22, 3 gramas. Assim, verificamos que nesses exemplares o desvio do peso teórico em relação ao peso real é brutal, isso se dá por conta do material utilizado, que não é prata, mas uma liga vagabunda.
2 - O metal. Essas réplicas são bem mais leves, pois a liga geralmente usada é composta de latão, ou alguma outra mistura que leve bronze e alumínio na composição. As moedas são banhada. As peça passaram por um banho de prata. Custaria caro ao falsário fazer todas as suas réplicas em prata de lei, então as moedas falsas feitas em massa são em geral apenas banhadas. Vejam que o banho já apresenta várias falhas, e o "bronze" embaixo já começa a aparecer nas extremidades e em parte do campo no reverso.
3 - O relevo e os detalhes da cunhagem. Observem que esses exemplares têm os detalhes um tanto esbatidos, são mais fracos, porosos e não tem grande profundidade, como costuma ocorrer nos exemplares falsos, que perdem qualidade de detalhes. Observem o sol no topo do reverso da moeda japonesa. As linhas dele vão se apagando gradualmente. O mesmo ocorre com os detalhes das folhas, que vão enfraquecendo e sumindo, são tênues. Isso não é desgaste, reparem que o banho prateado está presente nesses detalhes, o que indica que a moeda já foi feita assim. Ambos os exemplos acima foram cunhados. O falsário tira o moldes da moeda original e faz cunhos a partir deles, só que esses cunhos não ficam com uma boa qualidade, porque o molde não consegue pegar todos os detalhes da gravação autêntica.
4 - As orlas e a perolagem. Vejam os detalhes na orla. A perolagem das moedas autênticas é uniforme, não fica variando. Agora vejam o exemplar falso: A perolagem no reverso apresenta falhas, em pequenos trechos nem existe. Já no verso vemos que ela é toda irregular, apresentando diferenciações. Em alguns trechos as pérolas estão parecendo traços, em outros estão curtas. Isso se dá porque os cunhos são acoplados em uma máquina de cunhar medalhas, dessas de uso comercial em indústria. Evidente que não terão a mesma precisão e qualidade das autênticas, que saíram das casas da moeda, daí vemos perolagem imperfeitas e as bordas grossas e salientes demais.
exemplo:

A perolagem é toda irregular. Em alguns trechos temos pérolas regulares, em outros as pérolas parece que "pegam fogo", e ainda em outros trechos desaparecem. Esse dado é bem esclarecedor nas fotos de internet. Reparem também a pátina artificial da peça. É química.
5 - Vejam as bordas da moeda. As bordas são mais grossas no exemplar 1, a gravação está mais afundada, o que destaca bem a borda, que fica um tanto saliente e grossa.
6 - A serrilha. As serrilhas das falsificações são irregulares, algo mal feitas e não são uniformes. A moeda autêntica terá a serrilha regular, ocupando todo o espaço a ela destinado. A máquina do falsário não consegue reproduzir as serrilhas com fidelidade.
AS FALSIFICAÇÕES DE "SEGUNDA GERAÇÃO", mais evoluídas.
Nesses tipos de exemplar, não encontramos uma facilidade tão grande na identificação, como nos de primeira geração. As moedas são mais bem feitas, possuem geralmente uma liga metálica idêntica ou ao menos parecida com as ligas autênticas. Os pesos variam pouco. Em suma: enganam, mas caem depois de um exame mais acurado.
Vamos a um exemplo. Faz um tempo fui enganado por compra na internet, comprei esse 1/6 de birr fake, percebi os maus detalhes, e depois adquiri um exemplar autêntico. Fica a comparação.
Ambas têm o mesmo diâmetro, neste caso, possuem rigorosamente o mesmo peso de 3,5 gramas, e a fake não é de prata baixa, mas de metal de boa liga,[/u][/b] de modo que essas semelhanças podem vir a dificultar um pouco a identificação.
Entretanto, pelo menos as fakes chinesas dessa geração, não escapam ao minucioso exame de uma lente forte. O que é dito para analisar esse tipo de peça serve também, evidentemente, para identificar as falsificações mais simples também.
A moeda falsa é a que se encontra com marcas feitas pelo paint brush, na intenção de mostrar melhor essas diferenças:


Ficará demonstrado aqui a importância de sempre comparar a moeda que se quer adquirir com a peça autêntica.
A moeda fake, como dito, é de procedência chinesa, e pode enganar bastante se o adquirente não tiver alguma experiência ou não fizer uma pesquisa fotográfica antes.
Vamos aos detalhes reveladores:

A coroa (falsa à esquerda) foi o que primeiro começou a me chamar a atenção. Reparei que os adornos mais delicados estavam esbatidos denais, e em certas partes desvaneciam até sumir. Reparem na coroa da moeda verdadeira o detalhamento dentro dos relevos mais baixos, eles encontram-se um pouco gastos no exemplar, mas estão lá, o que não se observa no fake, apesar de não haver sinal de circulação, esse relevo mais baixo da coroa não tem marcas. Percebe-se empastamento nos detalhes mais refinados.

A orelha (falsa à direita) foi o segundo ponto que eu detectei. O detalhamento da orelha na peça autêntica tem um grau compatível com as gravações francesas dessa época. Já a peça falsa apresenta clara perda de detalhes, a parte interna da orelha simplesmente tornou-se "um buraco liso".

O nome do gravador (falsa à direita) perdeu a precisão e a delicadeza. O molde não conseguiu pegar a perfeição da gravação de letras tão miúdas.


As marcas dos gravadores franceses (falsa à esquerda) nas falsificações perdem muito detalhe, ficam esbatidas e tênues. Reparem a concha e o fascio.

Pequenos detalhes, como a juba do leão (fake à direita) perdem "massa do relevo", de maneira que por vezes verificam-se "pequenos buracos lisos" ou empastamento no detalhamento.

Marcados em vermelho, percebe-se a presença de pequenos pontos, embolotamentos, defeitos típicos dessas moedas feitas com base em moldes. Mesmo nas superfakes americanas, foram detectadas muitas vezes esse tipo de pista.

No campo esquerdo, percebe-se que a peça não é totalmente plana, normal, mas há aqui uma discreta "calosidade", o campo "levanta" um pouco, a moeda não tem campos perfeitos, como ocorre nas cunhagens francesas desse período.

Rebordos bem reveladores. O da direita é o da peça autêntica. Percebe-se qualidade e simetria. O da moeda falsa tem uma variação perceptível nos traços e na distância entre eles.
Vamos a um outro exemplo de produção mais perigosa:

Trata-se de um taler alemão de Nuremberg. Talers são constantemente falsificados por conta da boa procura no mercado.
O exemplar da esquerda é o autêntico, o da direita o fake.
-O peso do autêntico é de quase 28 gramas. O falso pesa 26,9 gramas. Ainda temos um peso abaixo do teórico, ainda de forma algo significativa, mas verifica-se que o desvio é bem menor que nas cópias comuns.
-O metal é prata de boa liga, ao menos aparentemente. Não se trata de banho ou liga vagabunda, mas sim de prata de bom aspecto
-Os círculos buscam evidenciar diferenças de relevo. A verdadeira tem um relevo vivo, a falsa possui esbatimentos evidentes. Reparando nas gravuras da cidade retratada, vemos que a falsa perde detalhes, é empastada nos relevos mais finos.
-Os rebordos são diferentes. A autêntica tem o rebordo em relevo, ressaltado. A falsa tem o rebordo em baixo relevo, "escavado", sendo que as "folhas" são todas iguais. Esse mesmo tipo de rebordo fake também foi utilizado em outros talers, de outros tipos e locais, o falsário aproveitou um trabalho feito, acabou "padronizando" os rebordos de suas falsificações.
Aqui um outro tipo, mas, como foi dito, com esse exato rebordo, igual, "padronizado":

A FAKE DE TERCEIRA GERAÇÃO - A "SUPERFAKE".
Essas são verdadeira dor de cabeça, toda a atenção para elas é pouca. Os falsários aqui chegaram perto da perfeição, mas não a atingiram. Essas moedas são feitas por cunhagem. Os cunhos são abertos por moldagem dos tipos originais, por meio de uma massa especial, bem fina, que consegue pegar bem os detalhes, deixando pouco ou nenhum defeito (como "pontinhos" de bolhas, por exemplo). Esses cunhos são acomplados em máquinas de cunhagem com forças de toneladas de pressão, e os resultados as vezes são desastrosos para nós, colecionadores.
Vamos a uns exemplos:


Todos os exemplares aqui mostrados do "gothic" são falsos. São dos bem perigosos.
- Todos são de prata de lei, tal como os verdadeiros.
- O peso informado do falso é 10.8 gramas, sendo o peso teórico 11,3 gramas.
- É bem pouco perceptível, nesses casos, a perda de detalhes (embora exista, mas muito pouca).
Assim, percebemos que as diferenças são mesmo mínimas em relação aos autênticos. O peso é muito aproximado do teórico, ou mesmo igual em alguns casos. O metal possui a mesma liga ou ao menos sempre aparentemente. A perda de detalhamento não é expressiva, como nas falsificações anteriores. Percebeu-se que todos os exemplares falsos apresentavam o mesmo ponto (circulado nas imagens). Era um ponto de "borbulha", ficou na massa que moldou um exemplar autêntico para abertura do cunho de cópias.
Outro exemplo:

Ela pesa exatas 27,9 gramas, na prática o peso da autêntica. Também é de boa prata, a serrilha tem pouca diferença. Comparando com a autêntica, com lentes fortes (eu fiz isso, tenho um exemplar bom), percebe-se leve perda de detalhe nos cabelos e bustos, mas que podem ser confundidos com cunhos gastos, numa análise apressada. A textura e as orlas também apresentam imperfeições em relação ao original. Mas a moeda engana muito, muito bem, ainda mais quem não conhecer um exemplar autêntico.
Portanto, a melhor arma contra essas peças é a comparação com as moedas autênticas, e um exame muito rigoroso.Pesquisas em fóruns e sites especializados, para verificar se determinados tipos já não estão rastreados, como o caso desse. Análise das serrilhas, rebordos e perolagens. As perolagens e orlas dessas fakes, quando comparadas com as autênticas, ainda apresentam imperfeições. Verificar se as moedas não possuem discretos abaulamentos nos discos.
Olho sempre aberto e pesquisa constante e exaustiva, para quem gosta da numismática e está disposto a adquirir exemplares mais raros.