Um testamento de primeira e na primeira dinastia, claro.
- António Carlos Diogo
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Caros companheiros em particular o companheiro José Matos, homem entendido, facultei há algum tempo uma obra de J. Porto, Dinheiros e Mealhas, obra que o autor humildemente considera quase que apócrifa do Mestre Teixeira de Aragão..
Amigo José Silva, vamos ter que colocar aqui em PDF, façam-me esse favor desde já... Será logo à partida uma justa homenagem a dois grandes numismatas: Luís Pinto Garcia e J. Porto.
Um abraço :biggthumpup:
António Diogo
Amigo José Silva, vamos ter que colocar aqui em PDF, façam-me esse favor desde já... Será logo à partida uma justa homenagem a dois grandes numismatas: Luís Pinto Garcia e J. Porto.
Um abraço :biggthumpup:
António Diogo
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- Reinado D.Afonso Henriques
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Amigo ml, ao classificá-la na refª 01.03, joguei pelo seguro para encontrar uma legenda conhecida. Se for do grupo 2 implica classificá-la como um exemplar com legenda inédita e em nenhuma edição do catálogo de Alberto Gomes, nem em Ferraro Vaz (catálogos e Nvmaria Medieval) ela é mencionada!Este dinheiro deve pertencer ao grupo 02 sobretudo pela quantidade de prata que tem na liga e pela sua dimensão.
Nos testes metrológicos efectuados a exemplares deste tipo, com escudetes amendoados postos em cruz, a concentração de prata, obtida pelos métodos de espectrometria de fluorescência de raio x e por activação com neutrões rápidos, foi entre 166 e 172 milésimas.
Na opinião de vários autores o grupo 1 e 2 são ambos Dinheiros, com desvios toleráveis em peso e diâmetro.
José Matos
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Também aconselho o livro indicado pelo amigo António Diogo.
Este catálogo de J.E. Porto, feito para a Casa Molder em 1949, apresenta boa arrumação dos Dinheiros e, à semelhança de vários autores, questiona a atribuição de Mealhas ao que considera Dinheiros.
O exemplar nr. 9 é do mesmo tipo do aqui apresentado.
Este catálogo de J.E. Porto, feito para a Casa Molder em 1949, apresenta boa arrumação dos Dinheiros e, à semelhança de vários autores, questiona a atribuição de Mealhas ao que considera Dinheiros.
O exemplar nr. 9 é do mesmo tipo do aqui apresentado.
José Matos
Claro amigo Matos. Estamos de acordo quanto à legenda, pelo menos em relação ao AG é inédita. Penso até que haverá um erro no C. AG. Aliás como refere o catalogo da Numisma do Leilão da Colecção Paulo de Lemos de 11 e 12 de Dezembro de 1998, que o amigo também deve ter, no exemplar n.º 7 refere : « Note-se que o catálogo A.G. troca a posição das fotos em relação às legendas, causando confusão. Ferraro Vaz está correcto, podendo só questionar-se qual deve ser o anverso».
Também a S.P.N. classificou o dinheiro como sendo o AG.02.02 var., dado tratar-se do exemplar n.º 209 da ultima permuta de 30 de Novembro de 2006. Pessoalmente estou de acordo com a esta catalogação, embora seja perfeitamente admissível oponiões divergentes.
Um grande abraço.
ml.
Também a S.P.N. classificou o dinheiro como sendo o AG.02.02 var., dado tratar-se do exemplar n.º 209 da ultima permuta de 30 de Novembro de 2006. Pessoalmente estou de acordo com a esta catalogação, embora seja perfeitamente admissível oponiões divergentes.
Um grande abraço.
ml.
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- Reinado D.Afonso Henriques
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Amigo ml, comparei o seu exemplar, com direito a foto no catálogo da SPN e vê-se que é um exemplar em melhor estado que o nr. 7 da numisma, considerado MBC+ e muito bonito! Se bem que é um exemplar com legenda diferente, apenas para se comparar os estados de conservação da SPN e da Numisma.
Nesse leilão 37 da Numisma, o autor dos textos faz um ataque cerrado ao catálogo de Alberto Gomes, sem reparar que também seguiu no leilão o erro do catálogo de 1996, ao trocar as legendas em relação às imagens: apresenta primeiro a face onde se encontram os escudos amendoados, com a legenda PORTVGAL e depois a da cruz com a legenda REX SANCIO, enquanto na descrição ao nr. 7 apresenta (REX SANCIO / PORTVGAL). Numa coisa acerta: Ferraro Vaz está correcto.
Aqui apresento um livro, que o amigo ml já tem, indispensável a que se interessa por moedas medievais portuguesas:
Escrito pelo maior medievalista português, que responde a muitas dúvidas, com cuidadas análises críticas a vários autores, com hipóteses cientificamente comprovadas por testes modernos e com leitura atenta de documentos importantes.
Quanto ao alto teor de prata que por vezes é encontrado nos Dinheiros, Mário Gomes Marques apresenta causas prováveis:
A)a margem de erro da afinação de ligas própria da época,
B)a distribuição não perfeitamente homogénea dos metais (prata e cobre) nos lingotes,
C)o facto de, em moedas muito delgadas, o enriquecimento em prata, resultante da oxidação e da corrosão, poder afectar toda a sua espessura, mesmo no caso de espécimes aparentemente muito bem conservados e, por fim,
D)a margem de erro inerente ao próprio método de análise.
A alínea C) é de grande importância para se entender o que por vezes aparenta ser moeda de boa prata, não é senão o resultado da perda do elemento pobre da liga por intermédio da oxidação.
Nesse leilão 37 da Numisma, o autor dos textos faz um ataque cerrado ao catálogo de Alberto Gomes, sem reparar que também seguiu no leilão o erro do catálogo de 1996, ao trocar as legendas em relação às imagens: apresenta primeiro a face onde se encontram os escudos amendoados, com a legenda PORTVGAL e depois a da cruz com a legenda REX SANCIO, enquanto na descrição ao nr. 7 apresenta (REX SANCIO / PORTVGAL). Numa coisa acerta: Ferraro Vaz está correcto.
Aqui apresento um livro, que o amigo ml já tem, indispensável a que se interessa por moedas medievais portuguesas:
Escrito pelo maior medievalista português, que responde a muitas dúvidas, com cuidadas análises críticas a vários autores, com hipóteses cientificamente comprovadas por testes modernos e com leitura atenta de documentos importantes.
Quanto ao alto teor de prata que por vezes é encontrado nos Dinheiros, Mário Gomes Marques apresenta causas prováveis:
A)a margem de erro da afinação de ligas própria da época,
B)a distribuição não perfeitamente homogénea dos metais (prata e cobre) nos lingotes,
C)o facto de, em moedas muito delgadas, o enriquecimento em prata, resultante da oxidação e da corrosão, poder afectar toda a sua espessura, mesmo no caso de espécimes aparentemente muito bem conservados e, por fim,
D)a margem de erro inerente ao próprio método de análise.
A alínea C) é de grande importância para se entender o que por vezes aparenta ser moeda de boa prata, não é senão o resultado da perda do elemento pobre da liga por intermédio da oxidação.
José Matos
Re: Um testamento de primeira e na primeira dinastia, claro.
Tópico muito interessante
"Quod erat demonstrandum"
- jcunha
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Re: Um testamento de primeira e na primeira dinastia, claro.
Este era o fórum onde eu aprendi muito (o pouco que sei) com discussões destas. Neste caso esta excelente troca de ideias ocorre entre dois grandes numismatas, os quais nunca tive a veleidade de considerar amigos, mas com quem tive uma excelente relação e aprendi muito, tanto aqui no fórum como em longas conversas na extinta feira no salão nobre do ACP no porto.
Tenho saudades desse fórum. Está nas nossas mãos recuperar esta qualidade de intervenções.
Tenho saudades desse fórum. Está nas nossas mãos recuperar esta qualidade de intervenções.
Re: Um testamento de primeira e na primeira dinastia, claro.
Caro jcunha, depois de uma grande gripe a convalescença é sempre demorada. Esperemos que a profilaxia funcione e que não haja espaço para recaídas. A pouco e pouco as coisas vão voltar ao normal, e os ancestrais, aqueles que ensinaram e vão continuar a ensinar, de certo que voltarão a ter vontade de partilhar connosco, os comuns amantes de moedas, os seus mais refinados ensinamentos. Pessoalmente, faço votos para que isso seja possível, tanto pela necessidade de aprendizagem como pela importância do convívio salutar. O elitismo arrogante é um mal que nos afecta a todos, de uma forma ou de outra, esperemos que a singeleza intelectual volte a triunfar sobre a ditadura do pensamento.jcunha Escreveu: ↑sábado fev 20, 2021 11:44 amEste era o fórum onde eu aprendi muito (o pouco que sei) com discussões destas. Neste caso esta excelente troca de ideias ocorre entre dois grandes numismatas, os quais nunca tive a veleidade de considerar amigos, mas com quem tive uma excelente relação e aprendi muito, tanto aqui no fórum como em longas conversas na extinta feira no salão nobre do ACP no porto.
Tenho saudades desse fórum. Está nas nossas mãos recuperar esta qualidade de intervenções.
"Quod erat demonstrandum"
- jcunha
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Re: Um testamento de primeira e na primeira dinastia, claro.
fernanrei Escreveu: ↑sábado fev 20, 2021 12:48 pmCaro jcunha, depois de uma grande gripe a convalescença é sempre demorada. Esperemos que a profilaxia funcione e que não haja espaço para recaídas. A pouco e pouco as coisas vão voltar ao normal, e os ancestrais, aqueles que ensinaram e vão continuar a ensinar, de certo que voltarão a ter vontade de partilhar connosco, os comuns amantes de moedas, os seus mais refinados ensinamentos. Pessoalmente, faço votos para que isso seja possível, tanto pela necessidade de aprendizagem como pela importância do convívio salutar. O elitismo arrogante é um mal que nos afecta a todos, de uma forma ou de outra, esperemos que a singeleza intelectual volte a triunfar sobre a ditadura do pensamento.jcunha Escreveu: ↑sábado fev 20, 2021 11:44 amEste era o fórum onde eu aprendi muito (o pouco que sei) com discussões destas. Neste caso esta excelente troca de ideias ocorre entre dois grandes numismatas, os quais nunca tive a veleidade de considerar amigos, mas com quem tive uma excelente relação e aprendi muito, tanto aqui no fórum como em longas conversas na extinta feira no salão nobre do ACP no porto.
Tenho saudades desse fórum. Está nas nossas mãos recuperar esta qualidade de intervenções.
Sábias palavras amigo Fernanrei. Já não era frequentador deste espaço quando ocorreu a confusão que gerou a cisão e o abandono por parte de muitos. mais tarde tive acesso a fragmentos daquilo que terá acontecido, mas nunca percebi totalmente. Se o amigo achar pertinente e se puder perder um pouco do seu tempo envie-me por favor uma mensagem privada a resumir o que aconteceu. Agradeço-lhe desde já.