Mensagem
por tm1950 » quarta mar 19, 2014 5:03 pm
Li num semanário da nossa praça que o Presidente Cavaco Silva, no novo prefácio, sublinha que num cenário de crescimento nominal do PIB e taxa de juro idênticos de 4% e com um excedente primário de 3%, a dívida pública portuguesa só regressa a 60% do PIB em 2035.
Para o Primeiro-Ministro Passos Coelho bastaria um crescimento nominal de 2,5% com um excedente primário de 1,8% do PIB. O problema é que, pelas contas do semanário, para a dívida chegar aos 60% do PIB seriam necessários 145 anos.
Faço notar que o objectivo não é o pagamento da dívida, mas sim atingir 60% do PIB.
Sejam quais forem os cenários, as variáveis, as projeções, as fórmulas de cálculo a utilizar, parece-me que, no imediato, a austeridade está para ficar e vai haver pouco dinheiro disponível para as coleções. Possivelmente nos próximos 5 anos. Após este período e até 2015 poderá haver um novo folgo colecionista, embora com um crescimento lento e gradual.
O ser humano é um colecionador nato e, com altos e baixos, vai continuar a gostar de juntar os seus trastes, gosta de os ter, os estudar, os apreciar, os valorizar e até os maltratar.
Moedas de Euro
Não coleciono moedas de euro, mas tenho a minha opinião sobre o assunto.
Considero os colecionadores de apenas moedas de euro mais voláteis que os outros colecionadores, podendo entrar e sair das colecções com uma maior facilidade. Mais impulsivos e com menor capacidade crítica, deixando alguns no ar a ideia de que coleccionam moedas como se fossem cromos. Não considero que estes aspectos sejam defeitos ou virtudes, mas ajudam-me a caraterizar estes colecionadores.
Penso que o colecionismo das moedas de euro vai entrar numa fase mais racional, mais madura, em que haja mais conhecimento, mais critério, mais massa crítica e mais noção sobre o que se passa. Pagar mais do dobro por uma moeda no dia em que ela saiu, numa emissão de 500.000 exemplares, não deve voltar a repetir-se.
Estou convencido que muitos deste colecionadores vão alargar as suas colecções a outro tipo de moedas e poderão amadurecer e revitalizar o seu entusiasmo colecionista. É claro que as disponibilidades financeiras limitarão a actividade destes colecionadores.
Moedas da República
São estas as moedas que mais oscilam nos preços, em Portugal. Quando o mercado arrefece caem com mais estrondo e com a recuperação da chama colecionista têm uma reacção mais forte. É possível que muitos colecionadores tenham saído e não será fácil absorver a grande quantidade de moedas que apareceram com esta crise. Moedas que se encontravam adormecidas, meio perdidas nas gavetas e nas caixas esquecidas. Foi a necessidade que as trouxe à tona e ao mercado.
Creio que as moedas em estados de conservação mais elevados – belas e soberbas serão as primeiras a recuperar e que as moedas mais coçadas terão cada vez menos procura. As moedas de prata em pior estado de conservação têm sempre o cadinho à sua espera, dependendo do valor deste metal.
Este tipo de moedas poderá ser uma porta de entrada para alguns colecionadores de moedas de euro que pretendam diversificar a colecção.
Moedas da Monarquia
São as moedas portuguesas mais estáveis quanto ao seu valor comercial.
As moedas de ouro poderão manter a sua procura dependendo do mercado estrangeiro, em especial o brasileiro.
Nas restantes moedas continuará a manter-se alguma procura nas moedas em melhor estado de conservação. Alguns tipos de moedas mais comerciais, como os cruzados e patacos, podem reagir mais rapidamente.
Julgo que faz sentido aparecerem colecionadores mais dedicados e especializados em determinados tipos de moedas.
Será sempre um tipo de colecção mais exigente, quer no esforço financeiro necessário, quer no maior conhecimento requerido, e virada para o colecionador mais experiente.
Moedas das colónias
Têm vindo a perder interesse este tipo de moedas, apesar da oferta ser grande e os preços caírem, nomeadamente das moedas relativas ao período da República.
É possível que estas moedas venham a perder algum interesse colecionista, embora constituam uma temática interessantíssima, onde existem exemplares fáceis de encontrar e em bom estado de conservação. A retoma do entusiasmo colecionista poderá chegar mais tarde a esta secção das moedas portuguesas.
Bibliografia
Concordo que o conhecimento obtido através da prática é importante: observar as moedas, compará-las com outras, visitar feiras e exposições, trocar impressões com pessoas do meio, frequentar o fórum, enfim, tudo isso é bom, mas haver uma base teórica sólida é igualmente importante.
Porém, tenho verificado que as pessoas estão arredadas dos livros. Ou porque não sabem ou não querem ler, ou porque pensam que não vale a pena, ou por outras razões, as pessoas não lêem, não os consultam. Cada vez mais, os catálogos serão dos poucos livros de Numismática a consultar.
Assim sendo, os valores comerciais dos livros da especialidade tenderão a cair, pois terão interesse apenas para um núcleo restrito de pessoas. Admito que alguns até gostem de ter as obras em casa, não será para as ler, consultar, ter acesso a toda a informação, mas apenas para enfeitarem as prateleiras das estantes.