O VALOR DO DINHEIRO.
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- Escudinho da II República
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- JuanOliver
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- thiagomandrade
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Re: O VALOR DO DINHEIRO.
Muito interessante, parabéns pela pesquisa. Assim como o colega Oliveira o que me atrai na numismática é a história por trás de cada moeda.
Thiago Andrade
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- Reinado D.Luís
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Re: O VALOR DO DINHEIRO.
Bom dia. Meus amigos, quanto mais pesquiso artigos do fórum, mais fico apaixonado. Os assuntos aqui tratados, são de um interesse incalculável. Muitos parabéns
Gostaria de fazer duas perguntas:
1ª - Se fôr possivel indicar alguns livros que tratem deste tema e o local onde seja possível comprá-los.
2ª - Gostaria a título de exemplo, nos inícios do sec XIX, saber, o que dava para comprar com um pataco ou com um cruzado. Gostava também de saber em que transações comerciais usavam as Peças.
Desde já, agradeço antecipadamene.
Sousa
Gostaria de fazer duas perguntas:
1ª - Se fôr possivel indicar alguns livros que tratem deste tema e o local onde seja possível comprá-los.
2ª - Gostaria a título de exemplo, nos inícios do sec XIX, saber, o que dava para comprar com um pataco ou com um cruzado. Gostava também de saber em que transações comerciais usavam as Peças.
Desde já, agradeço antecipadamene.
Sousa
Melhores Cumprimentos
Manuel Silvino
Manuel Silvino
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- Escudinho da II República
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Re: O VALOR DO DINHEIRO.
Obrigado por partilhar.
Muito interessante.
Cumprimentos,
Alexandra Ferreira
Muito interessante.
Cumprimentos,
Alexandra Ferreira
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- Reinado D.Luís
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Re: O VALOR DO DINHEIRO.
Bom dia. No rescaldo do excelente jantar que fizemos no Porto e na sequência de muita coisa que se falou, a propósito da curiosidade que temos sempre de saber o valor do dinheiro em cada época, eu disse que, tinha lido num livro sobre o Rei D. João VI, que quando os franceses invadiram Portugal, impuseram um imposto ao nosso país de 40 milhões de Cruzados . Vejam bem, como a história se repete, porém com contornos diferentes (apenas mais elaborados)
Aqui vai um pedacinho de história que digitalizei do livro.
Espero que gostem
Cumprimentos
Sousa
Aqui vai um pedacinho de história que digitalizei do livro.
Espero que gostem
Cumprimentos
Sousa
Melhores Cumprimentos
Manuel Silvino
Manuel Silvino
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- Reinado D.Miguel
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Re: O VALOR DO DINHEIRO.
Maravilhoso! Informação interessantíssima!
Álvaro Reboredo
COMPRO MOEDAS EM PRATA
COMPRO MOEDAS DE TODO O TIPO E DE TODOS OS METAIS - alvaronumis@gmail.com
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- Reinado D.Luís
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- Registado: segunda abr 06, 2009 8:44 pm
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Re: O VALOR DO DINHEIRO.
Boa noite amigos.
Na sequência da leitura do Livro da VI série de moedas dos descobrimentos (1996), alusiva ao tema de Portugal e a Rota das Especiarias, fiquei boquiaberto com o que li, relativamente aos lucros dos Portugueses, na exploração deste comércio, que a dada altura, tiveram o exclusivo.
Passo a citar:
«Quanto à viagem de Maluco, deteve-se inicialmente a Coroa, o monopólio desta carreira e do comércio do cravo. Como tentativa de fixação de gente em Maluco, o vice-rei, D. Garcia de Noronha, em 1539, libertou o comércio deste produto, continuando todavia a coroa, com a organização da viagem, que teria de realizar-se para provimento de mantimentos e dinheiro da fortaleza. Toda a gente podia assim carregar cravo em Maluco, sendo obrigado a vender ao rei, um terço ao preço de Maluco.
Ao sair da Índia para Maluco, o galeão da Coroa levava principalmente, panos de Cambaia: bergantis (certos panos de algodão), mantazes (tecido, provavelmente de algodão), cotonias (panos listrados de seda e algodão) e capas de Chaul;
De Coromandel: enrolados (panos de qualidade desconhecida) e panchavelizes (desconhece-se o significado); e de Bengala: Sanabafos, beirames, cujos produtos pagavam 8% de saída e igual percentagem em Malaca «ainda que não descarreguem».
Em Maluco cobrava-se um terço do Cravo carregado - pago à razão de 1500 réis por bar (o bar de Maluco tinha 200 cates ou seja, 273 105 kg) e pelo frete, 30% dos restantes dois terços, a que denominavam Choquel. Ao regressar a Malaca, pagariam mais 8% se o descarregassem ou três cruzados por cada bar, no caso de o transportarem até Goa ou Cochim, onde, de novo, e finalmente, voltariam a pagar mais 8%.
Francisco Pais, provedor-mor da Fazenda Rela, em Goa, exemplificava no seu relatório anexo ao orçamento de 1611, os acrescidos lucros que poderiam advir para o erário régio do comércio do cravo, afirmando que « Maluco é uma mina de cravo perpétua» mas logo acrescentava «quando não há Holandeses». Segundo Francisco Pais, o galeão carregava pelo menos 6000 quintais de cravo de particulares «comprado com seu dinheiro, pagando o terço, ou seja, 2000 q. Dos restantes 4000 q, pagariam ainda para fretes, 30%, ou seja, 1200 q. Daqui resulta que a Fazenda Real alcançaria 3200 q (53%), enquanto as partes ficariam com 2800 q. (47%)
Da venda dos 3200 q, pagar-se-iam as “liberdades” aos Oficiais do Galeão, como ao Capitão e Oficiais da Fortaleza de Maluco, cujas despesas poderiam atingir o valor de 700 quintais. Tendo em conta que, o valor mínimo do cravo em Goa era de 15$000 reis o quintal, sobrariam ainda 37 500$000. Se se descontasse o custo do provimento do galeão feito para dois anos e que era de 2 646$234, ficariam livres 34 853$766.
»
Nem pretendo sequer fazer comparações exatas, mas volvidos mais 100 anos desta data, no reinado de D. João V, uma Moeda (4$800 reís) tinha cerca de 10 grama em ouro.
Este valor do lucro (34 853$766, a dividir por 4$800 = 7 261,2
Multiplicando 7261,2 por 10 grama = 72 612 g. Se a grama do ouro vale, atualmente, pelo menos 40 euros, o lucro da Coroa Portuguesa era de 2 904 480 €, ou seja, cerca de 3 milhões de euros,somente nos impostos do Cravo
Espero que disfrutem desta informação
Na sequência da leitura do Livro da VI série de moedas dos descobrimentos (1996), alusiva ao tema de Portugal e a Rota das Especiarias, fiquei boquiaberto com o que li, relativamente aos lucros dos Portugueses, na exploração deste comércio, que a dada altura, tiveram o exclusivo.
Passo a citar:
«Quanto à viagem de Maluco, deteve-se inicialmente a Coroa, o monopólio desta carreira e do comércio do cravo. Como tentativa de fixação de gente em Maluco, o vice-rei, D. Garcia de Noronha, em 1539, libertou o comércio deste produto, continuando todavia a coroa, com a organização da viagem, que teria de realizar-se para provimento de mantimentos e dinheiro da fortaleza. Toda a gente podia assim carregar cravo em Maluco, sendo obrigado a vender ao rei, um terço ao preço de Maluco.
Ao sair da Índia para Maluco, o galeão da Coroa levava principalmente, panos de Cambaia: bergantis (certos panos de algodão), mantazes (tecido, provavelmente de algodão), cotonias (panos listrados de seda e algodão) e capas de Chaul;
De Coromandel: enrolados (panos de qualidade desconhecida) e panchavelizes (desconhece-se o significado); e de Bengala: Sanabafos, beirames, cujos produtos pagavam 8% de saída e igual percentagem em Malaca «ainda que não descarreguem».
Em Maluco cobrava-se um terço do Cravo carregado - pago à razão de 1500 réis por bar (o bar de Maluco tinha 200 cates ou seja, 273 105 kg) e pelo frete, 30% dos restantes dois terços, a que denominavam Choquel. Ao regressar a Malaca, pagariam mais 8% se o descarregassem ou três cruzados por cada bar, no caso de o transportarem até Goa ou Cochim, onde, de novo, e finalmente, voltariam a pagar mais 8%.
Francisco Pais, provedor-mor da Fazenda Rela, em Goa, exemplificava no seu relatório anexo ao orçamento de 1611, os acrescidos lucros que poderiam advir para o erário régio do comércio do cravo, afirmando que « Maluco é uma mina de cravo perpétua» mas logo acrescentava «quando não há Holandeses». Segundo Francisco Pais, o galeão carregava pelo menos 6000 quintais de cravo de particulares «comprado com seu dinheiro, pagando o terço, ou seja, 2000 q. Dos restantes 4000 q, pagariam ainda para fretes, 30%, ou seja, 1200 q. Daqui resulta que a Fazenda Real alcançaria 3200 q (53%), enquanto as partes ficariam com 2800 q. (47%)
Da venda dos 3200 q, pagar-se-iam as “liberdades” aos Oficiais do Galeão, como ao Capitão e Oficiais da Fortaleza de Maluco, cujas despesas poderiam atingir o valor de 700 quintais. Tendo em conta que, o valor mínimo do cravo em Goa era de 15$000 reis o quintal, sobrariam ainda 37 500$000. Se se descontasse o custo do provimento do galeão feito para dois anos e que era de 2 646$234, ficariam livres 34 853$766.
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Nem pretendo sequer fazer comparações exatas, mas volvidos mais 100 anos desta data, no reinado de D. João V, uma Moeda (4$800 reís) tinha cerca de 10 grama em ouro.
Este valor do lucro (34 853$766, a dividir por 4$800 = 7 261,2
Multiplicando 7261,2 por 10 grama = 72 612 g. Se a grama do ouro vale, atualmente, pelo menos 40 euros, o lucro da Coroa Portuguesa era de 2 904 480 €, ou seja, cerca de 3 milhões de euros,somente nos impostos do Cravo
Espero que disfrutem desta informação
Melhores Cumprimentos
Manuel Silvino
Manuel Silvino
- Bela.Miranda.Duarte
- Reinado D.Manuel II
- Mensagens: 74
- Registado: quarta mar 30, 2011 11:08 am
- Localização: Viseu
Re: O VALOR DO DINHEIRO.
Olá a todos:
Indico aqui um livro que julgo ser bastante útil para a análise desta temática.
Adquiri-o em 2000 e parece-me ser muito bem feito e fundamentado.
O "real" valor do "dinheiro" - 850 anos de história de inflação em Portugal
autor - Pedro Vasconcelos
1999 Districultural.
São discriminados os valores de vários produtos pelos vários reinados e presidências.
A título de exemplo: O valor de uma galinha
D. Afonso Henriques - 2 dinheiros
D. Sancho I - 8 dinheiros
D. Afonso II - 10 dinheiros
D. Afonso III - 12 dinheiros
D. Dinis - 18 dinheiros
D. Afonso IV - 30 dinheiros
D. Fernando - 42 dinheiros
... e por aí em diante.
Um abraço
Bela
Indico aqui um livro que julgo ser bastante útil para a análise desta temática.
Adquiri-o em 2000 e parece-me ser muito bem feito e fundamentado.
O "real" valor do "dinheiro" - 850 anos de história de inflação em Portugal
autor - Pedro Vasconcelos
1999 Districultural.
São discriminados os valores de vários produtos pelos vários reinados e presidências.
A título de exemplo: O valor de uma galinha
D. Afonso Henriques - 2 dinheiros
D. Sancho I - 8 dinheiros
D. Afonso II - 10 dinheiros
D. Afonso III - 12 dinheiros
D. Dinis - 18 dinheiros
D. Afonso IV - 30 dinheiros
D. Fernando - 42 dinheiros
... e por aí em diante.
Um abraço
Bela
saudações numismáticas
Bela
Bela
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- Senhor Escudo da I República
- Mensagens: 25
- Registado: quinta jun 03, 2010 4:29 pm
Re: O VALOR DO DINHEIRO.
Muito interessante e importante, esta temática.
Alguém tem algum tipo de dados sobre o valor de construções medievais? Como, por exemplo, castelos, torres, pontes, capelas ou casas particulares?
Alguém tem algum tipo de dados sobre o valor de construções medievais? Como, por exemplo, castelos, torres, pontes, capelas ou casas particulares?