Guatemala - a Carimbagem de 1894

[doliveirarod]

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O CARIMBO GUATEMALTECO DE 1894: Em 1894 já tinha a Guatemala seu próprio sistema monetário, baseado no Peso de prata, conforme os ditames da União Monetária Latina, com 25 gramas de metal 0,900 de pureza.

Entretanto, apontam-se alguns motivos para que a moeda estrangeira fosse contramarcada. Um desses motivos seria a ausência de um Banco Central que fosse capaz de uma regular o quanto quantidade de moeda que deveria ser emitida, dependendo o país de momentos favoráveis em sua balança comercial com o estrangeiro para poder emitir ou captar moeda. Também a fraca capacidade de produção por parte da Casa da Moeda local, obsoleta, e a ausência de metal precioso para cunhagem são apontados como motivos.

Assim, em 1890, o governo começa um processo de modernização do maquinário da Casa da Moeda, que em boa parte ainda era do tempo dos espanhóis.

O País adotava o bimetalismo, com um câmbio interno fixo de valor do ouro em relação à prata. Porém, o ouro no exterior já estava bem mais alto que a prata, e o governo começava a sentir os prejuízos. Os grandes exportadores (principalmente cafeicultores) também recebiam grandes quantidades de moedas sul-americanas de prata, trazidas sobretudo por mercadores ingleses, aproveitando o alto valor do metal no país em relação ao ouro. A Guatemala, sentindo o prejuízo, começa a abandonar o bimetalismo, e adotar, mesmo que tardiamente, o padrão ouro.

Em 1894, a Casa da Moeda se encontrava em boas condições, e o governo, no intuito de modernizar o sistema monetário, trocando a moeda estrangeira por nacional, edita o Decreto de julho de 1894:

“1º. Los tenedores de plata chilena, peruana y de otras nacionalidades, ocurrirán a cambiarla por moneda nacional, á la Casa de Moneda, desde el 1º de agosto próximo en adelante.
2º. La moneda extranjera que aún quede sin cambiar el día 15 de septiembre próximo, será resellada en el cuño nacional y solo así tendrá curso legal en la República, mientras se reacuña.
3º. Desde esta fecha queda prohibida la importación de moneda de plata.
4º. Los pasajeros que se internen á la República, podrán importar cantidades que no excedan de trescientos pesos por persona.
5º. El gobierno proveerá al país, de la moneda nacional de oro y plata que sea necesaria para las transacciones.”

Assim, o governo recolhia toda a prata estrangeira em poder dos exportadores, transformando-a em moeda nacional, proibindo a importação de mais moedas de prata, determinando que a referida moeda estrangeira arrecadada nessa operação fosse contramarcada com um selo nacional.

Como o próprio Decreto previa, a esmagadora maioria das moedas é de procedência peruana e chilena (nessa ordem). Entretanto, coroas de outros países foram carimbadas, como El Salvador e Honduras. Existe inclusive um 2000 réis brasileiro de 1875 com o dito carimbo, porém, a moeda é única (e muito falsificada).

Portanto, o governo marcava as coroas de 25 gramas de prata 0,900, equivalentes ao peso guatemalteco, nacionalizando-as.

Existem contramarcas sobre coroas guatemaltecas, o que não faria sentido, de forma que o fato é atribuído a erros na Casa da Moeda.



A contramarca escolhida foi o cunho do ½ real de 1894, de autoria do ensaiador francês Lagrange. Tal marca deveria ser colocada no meio da moeda, de maneira que as marcações nas margens são exceções, bem mais raras.

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Aqui o cunho em questão, porém esse é de 1896, o carimbo utilizado será sempre o cunho de de 1894.

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Sobre Peso do Peru: datas: 1864-YB a 1870 YB; 1870 YJ a 1873 YJ; 1873 LD; 1875 a 1879 e 80 YJ; 1880 BF a 1882 BF; 1882 FN e 1883 FN; 1884 RD e 1885 RD; 1885 TD; 1886 RD; 1886 TF a 1893 TF.

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Sobre Peso do Chile: Datas: 1855; 1867 a 1887; 1889 a 1891.


Outras: Sobre 2000 réis do Brasil (única); sobre Peso da Guatemala 1894; sobre 5 pesetas do Peru; sobre Peso de El Salvador; sobre 8 Reales do Chile.


Como se pode ver nas imagens, o carimbo pode se apresentar com os campos limpos, mas também aparece com os campos um pouco granulosos, sendo normal.

[fernanrei]

É mais um excelente tópico caro Fabiano, muito bem contextualizado e igualmente bem ilustrado.

[silvio2]

Muito interessante, sem dúvida ...
Obrigado, caro Fabiano, pela disponibilidade e partilha deste excelente apontamento.