A série dos 400 anos do descobrimento do Brasil!

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doliveirarod
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A série dos 400 anos do descobrimento do Brasil!

Mensagem por doliveirarod » sexta dez 26, 2008 6:02 am

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Por volta das seis horas da manhã de quinta-feira, dia 23 de abril de 1500, quando o sol nasceu na ampla baía em frente ao morro batizado de Monte Pascoal, a esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral estava ancorada a 36 quilômetros da costa. Assim que o dia raiou, a frota se pôs cuidadosamente em marcha, avançando cerca de 30 km em três horas, no rumo daquelas praias banhadas de luz. Por volta das 10h da manhã, com a profundidade do mar já em 9 braças, os navios lançaram âncora, fundeando outra vez. Estavam agora a 3 km da praia, em frente à foz de um pequeno rio, cujas águas se jogavam contra o mar, depois de serpentear em meio ao emaranhado de uma floresta densa.
Então, na areia, às margens daquele regato, entre a mata e o mar, os portugueses viram "homens que andavam pela praia, obra de uns sete ou oito". A um sinal do comandante mor, os capitães dos outros navios embarcaram em batéis e esquifes e se dirigiram à nau capitânia para breve reunião. Logo após ela, Cabral decidiu enviar à terra o experiente Nicolau Coelho, que estivera na Índia com Vasco da Gama. Junto com ele, seguiram Gaspar da Gama, o "judeu da Índia" - que além de árabe, falava os dialetos indus da costa do Malabar - mais um grumete da Guiné e um escravo de Angola. Os portugueses conseguiram reunir, assim, a bordo de um escaler, homens dos três continentes conhecidos até então, e capazes de falar seis ou sete línguas diferentes.
Mas, quando o batel de Nicolau Coelho chegou à foz do pequeno rio, não foi possível travar diálogo algum com os nativos - agora já cerca de 18 ou 20. (...)
No momento em que o escaler tocou o fundo arenoso, os nativos se aproximaram do bote, "todos rijamente, trazendo nas mãos arcos e setas. Nicolau Coelho fez sinal para que pousassem os arcos. E eles os pousaram". E então, mesmo que não pudessem ouvir o que gritavam uns para os outros, portugueses e indígenas fizeram sua primeira troca. Sem descer do barco, Coelho jogou à praia um gorro vermelho, típico dos marujos lusos, um sombreiro preto e a carapuça de linho que usava na própria cabeça. Os nativos retribuíram dando-lhe um cocar de penas de ave, compridas, com uma copazinha pequena de penas vermelhas e pardas como de papagaios, além de um colar de contas brancas, talvez búzios, talvez pérolas miúdas. De certa forma, estava ali se iniciando uma aliança entre aquela tribo e os portugueses. Ela iria se prolongar por cerca de 70 anos. Os indígenas com os quais Nicolau Coelho travou o primeiro contato eram, se saberia mais tarde, da tribo Tupiniquim. Pertenciam à grande família Tupi Guarani.
(Trecho da obra "A Viagem do Descobrimento - A verdadeira história da expedição de Cabral", de Eduardo Bueno.)


Eis um interessante trecho da obra do jornalista e escritor Eduardo Bueno. Baseando-se nas carta de Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Cabral, relata o que teria sido o primeiro contato entre os marinheiros portugueses e os nativos daquela estranha e imensa terra, que aparecia gigantesca e misteriosa diante de seus incrédulos olhos.

Essa aventura começara já muito tempo antes, era decorrente da expansão marítima portuguesa, iniciada com a conquista do porto de Ceuta no Marrocos e ainda iria levar os portugueses até o extremo oriente, culminando na chegada ao Japão, com o desembarque em Nagasaqui em 1543.
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(Pintura a óleo da esquadra de Cabral)

A esquadra de Cabral era composta de duas divisões, sendo a primeira a maior delas, composta de 5 naus, 2 caravelas, uma nau mercante e uma naveta de mantimentos, além da nau capitânia e da sota capitânia. A segunda divisão era bem menor, contando com apenas uma nau e uma caravela redonda (pilotada por Bartolomeu Dias).
A primeira divisão, contendo a nau capitânia dirigida por Cabral, teria por destino final a Índia, aportaria em Calicut, com missão oficial de criar uma feitoria, e estabelecer contatos comerciais favoráveis com o samorim local. A segunda divisão era oficialmente destinada a Sofala, em Moçambique, e também visava oficialmente fundar feitorias.

A nau capitânia tinha capacidade para 250 tonéis, além de Cabral iam uma numerosa guarda pessoal, outros capitães, padres franciscanos, interpretes, fidalgos, funcionários públicos, entre outros. Todos os integrantes dessas armadas teriam direito à parte do saque e pilhagem dos povos que entrassem em luta com os portugueses, bem como também poderiam transportar de volta para casa certa quantidade de especiarias cada um, conforme fosse seu status. Tendo em conta o alto preço das especiarias, e que as mesmas eram compradas já no porto quando do regresso, era um excelente negócio para todos, apesar dos riscos.

Finalmente, em 9 de março de 1500, partia do Tejo, ao meio dia, essa gigantesca esquadra, a maior até então reunida em homens e armas. Cabral comandava na verdade grandes quartéis flutuantes. Além de um numeroso exército, iam nessas naus várias e várias bocas de fogo: bombardas, falconetes, muitas peças de artilharia e farta munição. Eram para Calicute, caso falhasse a diplomacia, mas também garantiriam a viagem de volta com as ricas especiarias, bem como iam garantir uma "certa missão", que hoje se sabe que Cabral teria que cumprir, antes de chegar à Índia, missão que teria que ser mantida em segredo, pois nos palácios e portos abundavam os espiões, principalmente os castelhanos.

Em 23 de março a primeira grande perda. A nau comandada por Vasco de Ataíde some no mar, levando com ela mais de 150 homens, sem deixar rastro.

Em 22 de abril de 1500, a esquadra de Cabral ancorou em frente ao monte Pascoal, 44 dias após a sua partida de Lisboa.

A história do Brasil oficialmente, até uns anos atrás, dava o descobrimento como um "acaso", a esquadra que se dirigia à Índia teria se desviado da rota, vindo a aportar em terras brasileiras.

Hoje se supõe (versão mais crível) que Cabral já teria conhecimento do que iria encontrar, e iria tomar posse dessas terras em nome do rei de Portugal. Vários elementos são citados para defender essa tese, entre eles a presença do cartógrafo e navegador Duarte Pacheco entre a comissão que foi a Espanha negociar o Tratado de Tordesilhas. Pacheco Pereira mostrou saber muito bem o que fazia quando alargou ao máximo os limites portugueses do tratado. Antes de Cabral, já se sabia da existência dessas terras, só não se sabia a dimensão enorme que teriam.

Vincente Yanes Pinzón, espanhol, teria aportado em Pernambuco, no Cabo de Santo Agostinho, antes de Cabral, sendo isso muito provável. Muitos atribuem o descobrimento do Brasil a ele. Mas existe tese de que o próprio Duarte Pacheco teria vindo por estas bandas antes, em 1498, mantendo suas descobertas em segredo, o que era muito comum diante da espionagem. Mas com exata certeza nunca saberemos, pois os documentos sigilosos que poderiam comprovar ou desmentir essa tese foram destruídos no terremoto de Lisboa.
primeira-missa_zpsfc6anpu3.jpg
(quadro da primeira missa rezada no Brasil)

AS EMISSÕES:

Em 1900, 400 anos após a chegada de Cabral por estas terras, era emitida pela casa da moeda do Brasil uma bela e rara série de 4 peças em prata de lei, que seriam as últimas peças de prata no velho padrão "coroa" no Brasil. Dentre elas a inédita 4.000 réis, em homenagem ao próprio Cabral, uma peça literalmente fantástica, e que hoje aparecem muito poucas, até porque a tiragem foi curta. As emissões foram autorizadas pela Lei 559 de 31 de dezembro de 1898:
Art. 15. Afim de auxiliar a realização do programma organisado para commemorar o quarto centenario do descobrimento do Brazil, são concedidas á commissão central do centenario:

1º A emissão de sellos commemorativos, a que o Governo Federal dará curso por periodo limitado e fixado de accordo com a commissão central.

Esta emissão será entregue integralmente á commissão central, e o Governo permittirá que os sellos não utilisados sejam carimbados.

A commissão central do centenario indemnisará o Estado da renda do Correio correspondente aos sellos usados durante o periodo do curso estabelecido, e bem assim das despezas de custo do fabrico da totalidade da emissão.

2º A emissão de moedas commemorativas, de prata, do valor de um mil réis (1$000), e dos seus multiplos e sub-multiplos.

A emissão, que poderá ser feita por parcellas, será entregue exclusivamente a essa Commissão, indemnisando-se o Estado sómente do custo do metal empregado.

Os cunhos respectivos serão destruidos, terminadas as solemnidadas da commemoração do centenario.

Embora cunhadas no padrão oficial, não foram entregues à circulação, mas sim à Comissão Central do Centenário, responsável pelos festejos da efeméride, que colocou as séries à venda por valores bem acima do facial, para arrecadar dinheiro para os eventos. Assim a de 400 réis foi vendida a 1.000 réis, a de 1000 réis foi vendida a 2.000 réis, a de 2.000 réis foi vendida a 5.000 réis e a de 4.000 réis comercializada a 10.000 réis. As emissões foram um sucesso, e a Comissão arrecadou o suficiente para cumprir seus intentos.
As peças foram desmonetizadas em 1905, acompanhando a desvalorização do padrão 1000 réis.

Vamos à série:
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-Valor facial - 400 réis
-Data - 1900
-Metal - Prata/0,917 - Peso 5,10 gramas
-Verso: Cruz da Ordem de Cristo, com a velha inscrição "IN HOC SIGNO VINCES"
-Tiragem: 55.000 exemplares
-KM. 8

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A CRUZ DA ORDEM DE CRISTO: A Ordem de Cristo deriva diretamente da velha ordem medieval dos Cavaleiros Templários. Durante as guerras contra os mouros, a Ordem dos Templários ajudou Portugal a conquistar seu território, por isso ganhou grande poder político e terras ( O velho castelo Templário está na cidade de Tomar ). O Papa Clemente V e Felipe IV de França tentaram destruir completamente esta rica e poderosa ordem, por meio da difamação de seus membros, assassínios e pela absorção de bens. O Papa conseguiu abolir a Ordem dos Templários na Europa. Em Portugal, D. Diniz transfere os bens e privilégios dos templários para a Ordem de Cristo. Esta Ordem foi assim criada em Portugal como Ordo Militiae Jesu Christo pela bula Ad ae exquibus de 15 de março de 1319 pelo papa João XXII. A nova Ordem surgia sobre as cinzas da velha Ordem dos Templários, mas na verdade eram a mesma coisa, os símbolos, bens e privilégios eram os mesmos. Os ideais da expansão cristã reacenderam-se no século XV quando seu então Grão-Mestre, o Infante D. Henrique, o navegador, investiu os rendimentos da Ordem na exploração marítima. O emblema, a Cruz da Ordem de Cristo, adornava as velas das caravelas que exploravam os mares desconhecidos. Vemos então o papel fundamental da referida Ordem de Cristo (Templários) no descobrimento do Brasil.
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-Valor facial - 1000 réis
-Data - 1900
-Metal - Prata/0,917 - Peso 12,75 gramas
-Verso: Efígie da República em primeiro plano. Abaixo um arado, por trás um navio a vapor, uma locomotiva e fios de telégrafos.
-Tiragem: 33.000 exemplares
-KM 9

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A moeda faz menção ao regime republicano, então muito recente, e os progressos que o país estaria obtendo em relação à agricultura, marinha, estradas de ferro que desbravavam terras até então inexploradas, mas, sobretudo, a uma incipiente industrialização.
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-Valor facial - 2000 réis
-Data - 1900
-Metal - Prata/0,917 - Peso 25.50 gramas
-Verso: Nau capitânea de Cabral, em primeiro plano, chega às terras brasileiras.
-Tiragem: 20.000 exemplares
-KM 10

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A NAU: Embarcação com capacidade para cerca de 200 a 600 toneladas, levava uma tripulação de cerca de 300 homens, eram o "pau pra toda obra", pois servia tanto para transportar colonos e tropas para as terras a serem ocupadas nas Américas e Índias e levar à Europa as mercadorias lá obtidas, como era também largamente usada para guerra. Navio de grande calado, possuindo três mastros, 2 com velas quadradas e o último com a vela latina. Era ideal para grandes viagens, pois não precisava de grande tripulação, em contrapartida era lenta e não era fácil de manobrar.
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-Valor facial - 4000 réis
-Data - 1900
-Metal - Prata/0,917 - Peso 51.00 gramas
-Verso: Pedro Alvarez Cabral toma posse do Brasil em nome do Rei de Portugal.
-Tiragem: 6.850 exemplares
-KM 11

Pedro-Alvares-Cabral-240x300_zpsmpjuqlmi.jpg
PEDRO ÁLVARES CABRAL - Ao que tudo indica, foi a origem nobre que levou Cabral a comandar aquela grande esquadra com tamanha missão. D. Manoel faz menção às proezas que Cabral teria praticado nas navegações à época, na carta em que o nomeia, referindo-se aos seus "merecidos serviços", mas se houveram tais feitos, não são conhecidos nos dias de hoje. Coincidência ou não, era casado com uma das mulheres mais ricas de Portugal, Dna Isabel de Castro, neta de D. Fernando e D. Henrique de Castela.
Nosso navegador nasceu em Belmonte, entre 1467/68, era trineto de Alvaro Gil Cabral, que teve uma grande participação na batalha de Aljubarrota, além de defensor do castelo de Belmonte, do qual se tornou alcaíde. A família então ganhou direito de usar um brasão, no qual Alvaro Gil colocou três cabras, um animal "valente e leal", comum naquelas terras meio áridas e um tanto rudes e pobres. Nos 200 anos que se seguiram, Belmonte permaneceu quase que um feudo sob a família dos Cabral.
O pai de Cabral, Fernão Cabral, era conhecido como o "gigante da Beira", devido à estatura um tanto incomum para aquela época: 1,90 de altura! Tamanho este que Pedro herdou, conforme se comprovou mais tarde ao destamparem sua sepultura, em 1839.
Como não era filho primogênito, Pedro Alvares Cabral, conforme as leis da época, não teve direito à herança de seu pai. Mas casando-se com D. Isabel, tornou-se um homem mais rico e influente que seu avô.
Em fevereiro de 1500, o rei o nomeava capitão-mor da esquadra que "descobriria" o Brasil. Até então talvez Cabral nunca tivesse navegado, embora fosse mesmo um membro valoroso da Ordem de Cristo.
Sua morte deu-se em 1520/21, não se sabe ao certo o motivo. Supõe-se que tenha morrido por meio de uma malária que teria contraído em Calicute, e que vinha lhe minando a saúde, até que por fim acabou por matá-lo, cerca de 20 anos depois. Diziam que lhe minavam as "febres quartãs, e que tinha as faces do "empaludado".
Seu túmulo permaneceu longos anos praticamente abandonado e esquecido. Sua casa, séculos depois, acabou virando um bordel, e isso quase gerou um conflito diplomático com o Brasil, que não se conformava de ver o abandono a que tinham relegado a memória de nosso descobridor.
Não tem Permissão para ver os ficheiros anexados nesta mensagem.
Última edição por doliveirarod em segunda abr 05, 2010 3:17 am, editado 2 vezes no total.


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Re: A série dos 400 anos do descobrimento do Brasil!

Mensagem por jaled » sexta dez 26, 2008 10:26 am

Yo lamento insistir otra vez, en lo que la historia refleja, me refiero a los documentos existentes en relación con el descubrimiento de Brasil.
De Duarte Pacheco, todo lo que se escriba, es parte de la imaginación del autor, no hay ni un solo documento acreditativo de su llegada a Brasil, nadie lo acepta seriamente, ni siquiera los estudiosos portugueses o brasileños, es digamos solo deseos, para no reconocer, pese a su evidencia- hay decenas de documentos en el archivo de Sevilla que así lo acreditan-, lo que todos saben, españoles, portugeses y brasileños, que el descubridor fue Vicente Yañez Pinzón, al que desde siempre y para consolidar el portuguesismo de Brasil, se ignora como si ni siquiera hubiera nacido. Resumiendo :

- Duarte Pacheco : No hay una sola prueba de nada. Ni siquiera en Brasil se le reconoce como descubridor, solo se especula.
- Vicente Yañez : Existen todas las pruebas que acreditan que este llegó a Brasil el 13 de Enero de 1500, o sea el primero en llegar
- Pedro Alvares Cabral : Existen pruebas de que llegó a Brasil el 23 de Abril de 1500 o sea el segundo en llegar.

Por consiguiente; si Duarte Pacheco es como si no existiera; y si Vicente Yañez arribó a Brasil 3 meses y 10 días antes que Pedro Alvarez Cabral, ¿¿ porque se considera como descubridor a Cabral??, yo creo que puedo responder a esto, "solo por decisión administrativa de Portugal", pues no era políticamente correcto para la metalidad del siglo XVI asumir la verdad de que un territorio que formaba parte de Portugal, hubiera sido descubierto por un navegante no portugues,

Amigo doliveirarod, me sorprende que escribas, que la llegada de Vicente Yañez a Brasil es "muito provável", pues creo que sabes perfectamente, que es cierto 100 % y ampliamente documentado y no solo probable; supongo que lo pones en duda solo porque de no hacerlo nunca podrías decir que el descubridor fue Cabral. En cambio para la llegada de Cabral o Duarte Pacheco no existe un "provável" y si una certeza absoluta.

Me gusta hablar de estos temas históricos de los que soy un aficionado profesional, pero un historiador que se precie debe huir de subjetividades y leyendas más o menos interesadas política o socialmente.

Saludos

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Mensagem por doliveirarod » sexta dez 26, 2008 4:50 pm

Que es muy probable que Pinzon arribó acá antes de Cabral es mismo, pero tambien es discutible, pero mismo muy probable. Yo acredito que si, Pinzon lhegó acá 3 meses antes, en Cabo de Santo Agostinho, en atual Estado de Pernambuco. Hay quien diga que no, que ello teria aportado en tierras más arriba que el Brasil, y apunte factos geograficos, pero la descripcion hecha por Pinzón bate mismo muy cierto con os caracteres de la tierra del Cabo de Santo Agostinho...

Pero mismo que tenga lhegado, la consecuencia practica de ese encontro fue nulla, pues nada dejo, ni una feitoria o siquiera alguno contacto con los indigenas, fué solo una pasagen.

Que los portugueses sabian de esas tierras tambien es muy probable, y no es question de subjectividad, pero es la tese mas acepta actualmiente.

Duarte Pereira tambien puede ter pasado acá en 1498, no es ninguna question política o social. Pero esa tese fue defendida por lo historiador portugues Luciano Pereira da Silva en 1920. Ello apontó un trecho de la obra Esmeraldo de Situ Orbis, que Duarte Pacheco escribió en 1505. Ello dice: "A experiência, que é a mãe de todas as coisas, nos desengana e de toda dúvida nos tira; e portanto bem aventurado Príncipe, temos sabido e visto como no terceiro ano de vosso reinado, o ano do nosso senhor de 1498, vossa alteza mandou descobrir a parte ocidental, passando além da grandeza do mar oceano, donde é achada e navegada uma terra firme com muitas e grandes ilhas adjacentes a ela"

Queda claro una mencion a una "tierra com muchas islas", donde ello teria pasado. Considerando que Pacheco Pereira no era un hombre cualquier, pero un de los mejores cartografos y navegadores de su tiempo, surgio la hipotese de esa mencion ser de una viaje de reconocimiento sombre las tierras que quedavam al sur das que Colombo habia descubierto. No es una hipotese mala o desprezible. Hay possibilidad, pero no es mismo comprobable de plano que esas tierras sean el Brasil, pero...

Lo gran problema es que nada de eso tenia divulgación, tudo en materia de rotas maritimas quedava en segredo absoluto. Mucha cosa que podria esclarecer dudas historicas en diaz de hoy, fué perdida para siempre en grande terremoto que sacudió Lisboa en 1755.

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Mensagem por Alberto Paashaus » terça jan 06, 2009 11:50 am

Olá Fabiano!

Como sempre, um ótimo tópico.

Não é difícil imaginar que já se soubesse naquele tempo que havia terras onde hoje é o Brasil, e isto está fartamente documentado.

O fato é que os primeiros a tomar posse foram os Portugueses, e essa primazia lhes permitiu fazer a história, dando assim legitimidade da ocupação como primeiros descobridores.

Se não fosse o Pe. Manuel Aires do Casal, por exemplo, não saberíamos que Cabral tinha avistado o Brasil em 22 de abril e não em 3 de maio , como era comemorado a descoberta. Aí a grande confusão no sentido da descoberta entre as datas do "terra a vista" e da posse efetiva. Para efeito, nas comemorações de 1900, a data do descobrimento era 3 de maio, mesmo sabendo-se que Caminha havia datado o fato para 22 de abril desde 1817, quando Aires do Casal descobriu sua carta na Torre do Tombo.

Voltando as moedas, sua cnhagem foi autorizada pela Lei nº 559, de 31 de dzembro de 1898. Esta autorizava a cunhagem de uma série comemorativa em prata para as celebrações dos 40o anos do descobrimento.

Os desenhos foram de Hilarião Teixeira e o gravador foi Francisco José Pinto Carneiro. Após os festejos, os cunhos foram destruídos.

As moedas foram postas em circulação no referido dia 3 de maio.

Caffarelli relata o excerto do Jornal do Brasil de 13 de abril de 1900 onde se lê que as moedas seriam postas em circulação na referida data; que a Associação venderia as peças pelos preços de 1.000, 2.000, 5.000 e 10.000 réis, a série em ordem crescente, respectivamente (vale ver que a moeda de 4.000 réis custava o mesmo que uma moeda de ouro de 10.000 réis) e que os pedidos superiores a 1 e 4 contos teriam abatimentos de 10% e 20%, respectivamente.

Muito raramente pode-se encontrar as moedas em conjunto completo no estojos confeccionados para acondicioná-las. Imagino que a quantidade de estojos não deve ter superado a marca de 6.850, quantidade da cunhagem da moeda de 4.000 réis

Tais moedas foram desmonetizadas pela Lei nº 1453, de 30 de dezembro de 1905.
Ajudem-me a recuperar minhas moedas furtadas por algum funcionário dos vergonhosos e mal administrados Correios do Brasil. Agradeço!

Link para as moedas:

viewtopic.php?f=51&t=42341


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Mensagem por Mosar » sábado mar 28, 2009 6:25 pm

Prezados,
Estou gostando cada vez mais do forum. As discussões são realmente de alto nível e não se restringem a numismatica, pois a história está intimamente ligada às moedas, ou ao contrário: as moedas estão intimanete ligadas à história.
As menções a que outros povos estiveram por aqui antes de Cabral são muito comuns e acredito que não se deva duvidar disto, pois navegantes como fenícios, vikings se aventuravam pelos mares em embarcações pequenas mas capazes de suportar longas travessias. Entretanto o que conta em termos de história do Brasil, é o fato de Cabral ter realmente aportado e tomado posse da nova terra. Se outros passaram por aqui antes, não importa, seria ótimo se tivessemos provas concretas disto, pois ninguém ficou.
Aqui em Niterói temos uma réplica em tamanho natural da nau capitanea de Cabral. Foi construída na Bahia em 2000, por ocasião da comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil e veio para Niterói navegando, onde está fundeada ao largo do Clube Naval.
Saudações a todos.
Môsar
“Não louvem o dia antes de a noite ter chegado;
uma mulher até ela ter sido cremada;
uma espada antes de ser experimentada;
uma donzela até se casar;
gelo antes de ser atravessado;
cerveja antes de ter sido bebida.”
(Provérbio Viking)

jcarlos
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Re: A série dos 400 anos do descobrimento do Brasil!

Mensagem por jcarlos » sábado mar 28, 2009 10:01 pm

Excelente texto. Fabiano, obrigado por mais esse trabalho. :green:

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Re: A série dos 400 anos do descobrimento do Brasil!

Mensagem por Moedeiro » quarta abr 01, 2009 2:26 pm

Olá.
São estas discussões levantadas pela numismática que nos enriquecem. Acerca do assunto escrevi um artigo há quase 10 anos que foi publicado nos boletins da SFRG e da AFNJP. Nele avento a possibilidade dos fenícios (com fotos em moedas), além da lenda do Hy Brazil.
Escrever isto está sendo "um parto". Estou com três dedos da mão esquerda quebrados (cirurgia hoje).
Não sei se as fotos irão junto na operação de copiar e colar. Se não forem vou ver se consigo de outra maneira.
Administradores help!
OLHAR UMA MOEDA É COMO FOLHEAR UM LIVRO DE HISTÓRIA

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Re: A série dos 400 anos do descobrimento do Brasil!

Mensagem por Moedeiro » quarta abr 01, 2009 2:27 pm

OUTROS 500
Jairo Luiz Corso
corso@via-rs.net

Os Portugueses não foram os descobridores do Brasil! Definitivamente não! Os Portugueses foram os colonizadores. E isto é bem diferente.
Dentre aqueles que aqui chegaram antes de Pedr’Alvares Cabral pode-se citar, porque há comprovação, os espanhóis Vicente Yañez Pinzón e Diego de Lepe, que navegaram por costas brasileiras entre janeiro e março de 1500. Pinzón era o capitão da Niña e foi companheiro de Cristóvão Colombo na descoberta da América em 1492. Logo depois, em fevereiro de 1500, Pinzón desceu até a Ponta de Mucuripe no atual estado do Ceará. Costeando o litoral foi até a foz do Amazonas lá se encontrando com a expedição de Diego de Lepe, e partiram juntos até o Oiapoque, aonde chegaram em março do mesmo ano.
Há também quem diga que foi o navegador Duarte Pacheco Coelho porque estivera ele aqui em 1498, segundo uma passagem um tanto obscura do guia de navegação “Esmerado de Situ Orbis, onde o próprio Duarte Pacheco escreveu, em 1505: “A experiência, que é a mãe de todas as coisas, nos desengana e de toda a dúvida nos tira; e, portanto, bem-aventurado Príncipe, temos sabido e visto como no terceiro ano de vosso reinado, o ano do Nosso Senhor de 1498, Vossa Alteza mandou descobrir a parte ocidental, passando além da grandeza do mar oceano, donde é achada e navegada uma terra firme com muitas e grandes ilhas adjacentes a ela.” Como o texto é ambíguo não se pode dizer que a terra “achada” seja o Brasil e, nem mesmo, que o próprio Duarte Pacheco, embora reconhecidamente um grande piloto do seu tempo, tenha feito parte desta expedição à qual se refere.
Outra hipótese para o “achamento” do Brasil pode-se dizer que é uma lenda. É pouco conhecida e, como toda lenda, pode ter um fundo de verdade. É a hipótese do Hy Brazil, ou ilha do Brasil, ou ilha de São Brandão, ou até Brasil de São Brandão.
São Brandão, um monge irlandês que nascera no ano de 460, partira da Irlanda em 565, com 105 anos. Teria descoberto e colonizado esta terra que enchia a imaginação e os mapas cartográficos da Europa da Idade Média. Segundo a lenda esta ilha se afastava no horizonte quanto mais os marujos se aproximavam dela. Era uma ilha flutuante. Isto pode explicar o porque a localização desta ilha variava tanto de mapa para mapa. O nome “Brazil” teria origem na língua celta “bress”, que originou o verbo inglês “to bless” (abençoar). Hy Brazil, então, significa “Terra Abençoada”. Este nome, Hy Brazil, pode ser visto a partir de 1351 até 1721 em mapas e globos europeus, sempre indicando uma ilha localizada no oceano Atlântico.
Diante destas três hipóteses vamos partir para o terreno da numismática e apresentar uma quarta hipótese que pode ser comprovada (?) através das moedas. A hipótese dos fenícios.
O primeiro barco foi inventado por alguém que para fugir de alguma enchente ou de algum animal selvagem acavalou-se sobre o tronco de alguma árvore em um lago ou rio de algum lugar qualquer do planeta.
Ninguém sabe ao certo quando o primeiro barco foi construído, mas sabe-se que foram os egípcios, quem escreveram a primeira epopéia marítima. Os mesmos que construíam barcos de fundo chato, pesados, lerdos e trabalhados com muita economia de madeira. Estes barcos faziam uma única viagem e sempre a favor da água, descendo o rio. Chegado ao seu destino, eram desmontados e a madeira aproveitada em outras construções.
Para os fenícios o domínio do mundo pertenceria a quem tivesse o controle dos mares e a fortuna ficaria na posse do que, possuindo mais navios, visitasse, comprasse e vendesse em maior número de países. O comércio impulsionou a descoberta da navegação e esse povo ambicioso armou barcos compridos e estreitos, resistentes e velozes. Com estes barcos e tripulações habilidosas, transformaram o Mediterrâneo num quintal da Fenícia. Durante muito tempo eles esconderam as técnicas desenvolvidas para a construção das embarcações e conservavam o segredo dos caminhos e rotas marítimas. Hoje sabe-se que o grande segredo dos fenícios era a utilização correta das velas. Eles adotavam um mastro único, vertical, ostentando uma vela quadrada. Outra invenção que contribuiu para o sucesso desses navegantes foi a âncora, que permitia que eles passassem as noites em seus barcos, longe das margens dos rios, lagos ou mares, em maior segurança.
Uma das maiores contribuições dos fenícios foi deixar uma cultura da qual a melhor parte era a ciência de construir e tripular navios para a conquista de novas partes do mundo.
Um dos lugares mais enigmáticos do Brasil é o Parque Nacional das Sete Cidades, no Piauí, a 190 quilômetros de Teresina. Lá pelos anos 20 um arqueólogo (?) austríaco chamado Ludwig Schwennhagen – conhecido por Chovenágua – percorreu milhares de quilômetros pelos sertões do norte e nordeste e, como resultado de suas pesquisas, escreveu um livro, hoje muito raro, intitulado “Antiga História do Brasil de 1100 a.C. a 1500 d.C.” (1928). Diz ele neste livro que é possível concluir que as Sete Cidades do Piauí foram um reduto de povos vindos do Oriente Médio a partir de 1100 a.C. até 332 a.C. Entre eles os fenícios e cários que, junto com os tupis que já habitavam a região, formaram uma poderosa confederação para explorar as riquezas da terra.
Ludwig partiu da idéia de que os fenícios, por serem ótimos navegantes conseguiram chegar às costas brasileiras antes que Cabral, hipótese esta defendida por vários arqueólogos. Esta imigração teria sido incrementada com a invasão dos núbios, sob o comando de Napata que, em 750 a.C. anarquizou todo o Egito. Os cartagineses, descendentes dos fenícios, teriam vindo depois, desde 700 a.C. até 147 a.C., época da destruição da capital Cartago pelas tropas romanas.
Obviamente Sete Cidades não foi um lugar construído por aqueles povos. Eles simplesmente aproveitaram as formações naturais para estabelecer um grande centro de culto religioso que estaria a cargo dos piagas. Os piagas eram sacerdotes da ordem de Car, procedentes da Cária, uma região da Ásia que mantinha estreitas relações com os fenícios. Com a destruição de Cartago os colonizadores perderam sua estrutura comercial e entraram em declínio. Alguns retornaram aos seus reinos e outros teriam ficado no Brasil, sendo absorvidos pelas culturas nativas.
Já segundo o estudioso francês Jaques de Mahieu, os autores das pinturas rupestres que se encontram por todo o parque de Sete Cidades foram os Vikings. Eles teriam vindo da região de Tiahuanaco, na atual Bolívia, e teriam chegado ao Piauí por volta do ano 1000. d.C. Mahieu associa as inscrições da região com a escrita rúnica dos vikings. Símbolos solares, cruzes de diversos formatos, suásticas parecidas com a dos nazistas, “martelos de Thor” e outros símbolos. Os famosos drakkars (barcos vikings com uma cabeça de dragão na proa) estariam representados nas pinturas de Sete Cidades. Isso tudo Mahieu conta em seu livro “Os Vikings no Brasil”.
Sete Cidades seria para ele uma cidade irmã de um dos mais célebres locais de culto germânicos: os Externsteine de Teutobuger Wald, na baixa Saxônia, na atual Land do alto Reno (Westfália). Este local é um conjunto de rochedos trabalhados pela erosão onde os vikings celebravam as festas do solstício. Os vikings, segundo Mahieu, teriam dominado os tapuias e os tupis e os utilizado como auxiliares em muitas tarefas, inclusive nos cultos religiosos de cunho solar.
A presença humana em Sete Cidades pode ser comprovada pelas pinturas rupestres. Pinturas estas que são motivo de espanto pela sua resistência às intempéries. Algumas pinturas têm datações de até 4000 anos.
Segundo o geólogo e arqueólogo Reinaldo Arcoverde Coutinho, a maior parte das pinturas pode ter um sentido astronômico-religioso. Isto pode ser comprovado através dos desenhos no teto da “Gruta do Pajé” onde estão representados vários sóis e estrelas. Segundo Arcoverde, os antigos moradores de Sete Cidades estavam muito atentos ao que acontecia no céu.
E você que conseguiu ler este artigo até aqui me pergunta: “O que é que isso tudo tem que ver com a numismática?” Pois bem, vamos lá então. Vamos misturar um pouco de numismática no meio desta história do achamento do Brasil.
Todos sabemos que um dos maiores problemas para o estudo da história dos povos é que os materiais aonde a história ia sendo escrita não resiste ao tempo. É por isto que poucos mapas sobraram para serem estudados. Felizmente para nós numismatas o ouro, a prata e outros metais dos quais as moedas são produzidas não se extingue tão rapidamente quanto uma pele de animal ou um pedaço de papel sobre a qual um mapa foi desenhado.
Segundo um estudo feito por G.K. Jenkins e R.B. Lewis em “Carthaginian Gold and Electrum Coins”, em 1963, e citado na revista The Numismatist, da American Numismatic Association, de novembro de 1996, há no exergo do reverso de moedas cartaginesas cunhadas entre os anos de 350 e 320 a.C, sob a imagem de um cavalo, uma série de desenhos. Jenkins e Lewis ficaram intrigados com estes desenhos porque são muito diferentes das inscrições que aparecem em outras moedas púnicas da mesma época. Partiram então para a formulação de uma hipótese. Seria um mapa esquemático da região do Mediterrâneo, representado pelo retângulo central como mostra a figura 1. O lado direito deste retângulo representaria a costa da fenícia e a parte de baixo seria a costa norte da África. O canto esquerdo inferior seria o Estreito de Gibraltar e a parte superior do retângulo representaria a costa sul da Europa. Os dois pontos dentro do retângulo seriam as ilhas da Sardenha e da Sicília. O triângulo à direita, que está conectado por uma estreita faixa de terra representaria a Índia. A Inglaterra e a Irlanda aparecem como dois pequenos pontos ao norte da península Ibérica.

(figura 1. Estáter de ouro. Fonte: The Numismatist. Vol 109- nº11, nov. de 1996).

Mas se o mundo conhecido da época não era muito mais do que isto o que representaria aquela massa de terra em frente à península Ibérica? Nesta moeda a massa de terra é representada como uma ilha com três ou quatro pontas, e muito maior, em proporção às ilhas da Sicília e da Sardenha. Esta ilha também pode ser vista em outras moedas púnicas.
Na figura 2, um mapa diferente que, ao centro mostra a ilha da Sardenha; a área superior, curvada, representa a costa sul da Europa desde a Côte d’Azure até a costa leste da Itália. O desenho à direita representando a Índia e, novamente aquela porção desconhecida à esquerda.


(figura 2. Fonte: The Numismatist. Vol 109- nº11, nov. de 1996).

Na figura 3, que é bastante estilizada, aparecem novamente a Sardenha, como o ponto central. A Sicília é mostrada como um triângulo perto da bota em forma de L deitado que representa a Itália. O golfo de Cádiz é bem visível, em forma de arco. O Estreito de Gibraltar separando o Golfo de Cádiz através de uma linha horizontal que representa a costa norte da África. E, mais uma vez aquela massa de terra à direita.

(figura 3. Fonte: The Numismatist. Vol 109- nº11, nov. de 1996).

Pode-se ver pelos mapas que a ilha da Sardenha é a figura mais constante e que mais está em evidência. É o “ponto central” mencionado por Jenkins e Lewis. A posição central da Sardenha, de acordo com S. Lancel em “Carthage: A History” é o fator-chave da dominação dos cartagineses sobre o oeste do Mediterrâneo. No reverso da moeda de 5 Pesetas da Espanha de 1980-82, comemorativa da Copa do Mundo de Futebol a Sardenha é representada pelo ponto central entre o A e o Ñ de España.
Em conclusão, podemos dizer que os Fenícios e especialmente os cartagineses eram conhecidos por todo o mundo antigo pelas suas proezas como navegadores e homens do mar. Restando-nos ainda a intrigante possibilidade de que aquela massa de terra retratada à oeste da Espanha represente uma área nas Américas, talvez a costa do Brasil. E, se assim for, estas moedas poderiam ser uma evidência direta e perfeitamente datada de que os cartagineses tenham tido contato com o Novo Mundo muito antes de Colombo, Cabral, Pinzón, Lepe ou qualquer outro.

Referências bibliográficas:
ANA, The numismatist. Volume 109, número 11, novembro de 1996.
BUENO, Eduardo, Coleção terra brasilis. Volumes I, II e III – Rio de Janeiro: Objetiva, 1998.
COINS, an illustrated survey 650 BC to the present day – The Hamlyn Publishing Group Limited: Londres – 1980.
REVISTA Kalunga. Ano XXIV – número 96, novembro de 1996.
OLHAR UMA MOEDA É COMO FOLHEAR UM LIVRO DE HISTÓRIA

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Mosar
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Mensagem por Mosar » quinta abr 02, 2009 2:17 am

Prezados,
Está cada vez melhor!
Saudações a todos.
Môsar
“Não louvem o dia antes de a noite ter chegado;
uma mulher até ela ter sido cremada;
uma espada antes de ser experimentada;
uma donzela até se casar;
gelo antes de ser atravessado;
cerveja antes de ter sido bebida.”
(Provérbio Viking)

Marcello
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Mensagem por Marcello » quinta abr 02, 2009 6:47 pm

Excelente artigo do nosso amigo " Moedeiro" temos tantas vertentes historicas para analizar-mos, e assim colocar um pouco de luz, a historia , que muito das vezes é perdida ou "modificada"


Saudações

Marcello

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