Apontamentos para o estudo da moeda visigótica

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António Carlos Diogo
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Re: Apontamentos para o estudo da moeda visigótica

Mensagem por António Carlos Diogo » terça mai 06, 2008 9:51 pm

Só para agradecer aos que diariamente se interessam por estas cousas. :biggthumpup:
Digam-me ( já imploro, como tantas vezes) aos que me lêem, se vamos no bom caminho e se vale a pena? " Vale sempre a pena quando a alma não é pequena".

António Diogo
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vma
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Re: Apontamentos para o estudo da moeda visigótica

Mensagem por vma » terça mai 06, 2008 9:55 pm

Claro que sim carissimo Amigo.

Só uma pergunta descabida: "Algum rei visigodo cunhou moeda em Vouzela?"
Vitor Almeida

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António Carlos Diogo
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Re: Apontamentos para o estudo da moeda visigótica

Mensagem por António Carlos Diogo » terça mai 06, 2008 10:54 pm

Conhecemos emissões de VESEO, fundamente a sua pergunta; a que localidade corresponde hoje o topónimo VESEO , inscrito em trientes visigodos, será este, o fundamento/a génese, da sua dúvida ?

Um abraço do Diogo
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vma
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Re: Apontamentos para o estudo da moeda visigótica

Mensagem por vma » terça mai 06, 2008 11:27 pm

Veseo corresponde a Viseu actual, mas existe um povoado que bateu moeda junto a Viseu, e este se chamava Totela. E como Vouzela está só a 30 Km e era um povoado importante, não seria a Totela visigótica?

Claro que pode ser uma pergunta descabida, mas......... como todos os meus ascendentes são de lá, gostava de saber.

Obrigado desde já pela resposta.
Vitor Almeida

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António Carlos Diogo
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Re: Apontamentos para o estudo da moeda visigótica

Mensagem por António Carlos Diogo » quarta mai 07, 2008 9:29 am

Conhecemos TOTELA através das moedas ( únicas e/ou raríssimas ) e das actas do Concílio de Bracara, fazia parte da diocese de VESEO; não tenho conhecimento de trabalhos arqueológicos com novos dados acerca do topónimo; aceite com localização incerta, porque não a Vouzela das suas raízes? Aguardemos por novos dados. :biggthumpup:

António Diogo
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Re: Apontamentos para o estudo da moeda visigótica

Mensagem por António Carlos Diogo » terça mai 13, 2008 10:15 pm

O compromisso é para cumprir; logo continuarei o que está prometido! :bier:
Obrigado a todos os que se interessam pelo que vou escrevendo. :biggthumpup:

António Diogo
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Re: Apontamentos para o estudo da moeda visigótica

Mensagem por Jacinto Silva » quarta mai 14, 2008 10:00 am

Caro Amigo
Carlos Diogo,

Confesso que tenho andado "adormecido" em relação ao Fórum!
Hoje actualizei a leitura deste tópico e apercebi-me de quanto tenho perdido...

Na parte que a mim diz respeito, agradeço-lhe bastante o elevado contributo que tem dado ao Fórum e ao meu conhecimento, acerca de diferentes temas da numismática!

Os meus sinceros parabéns pelo seu trabalho e por favor continue a presentear-nos com o seu saber!
Um grande abraço. :biggthumpup:

Jacinto Silva

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António Carlos Diogo
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Re: Apontamentos para o estudo da moeda visigótica

Mensagem por António Carlos Diogo » quinta mai 15, 2008 9:51 am

:)
É sempre como o maior prazer que falo de bárbaros; só daqueles que não usaram elmos com chifres, Amigo Jacinto! :bier:

(Continuação)...

Com as antigas cidades romanas empobrecidas, os monumentos degradados e a paisagem cada vez mais dominada por bosques e pântanos, o império do Ocidente, invadido e governado pelos bárbaros, era todavia profundamente romano: de Roma, conservara a língua, a fé religiosa, que desde Constantino era o cristianismo, e o ideário político. Godos, francos e lombardos viam-se a si mesmos como sucessores de Roma, povos destinados a recolher das mãos dos romanos o testemunho da fé e da civilização; não tinham, e não podiam ter, um programa alternativo.
Assim o manifestam os documentos, as histórias, que, a partir de determinado momento, começaram a ser escritas, naturalmente em latim, para conservar, ou criar, uma memória colectiva; da maior importância a história dos godos, escrita por Cassiodoro, senador romano e alto funcionário ao serviço do rei bárbaro, na Itália governada pelos ostrogodos.

Adaptação do texto original de Alessandro Barbero.

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Re: Apontamentos para o estudo da moeda visigótica

Mensagem por Jomosil » sexta mai 16, 2008 10:51 pm

Há tempos escrevi algo sobre um presumível sólido de Requiário. E isso faz-me lembrar S. Martinho de Dume, a mim, que sou exactamente dumiense. Porque, se bem me lembro de algumas leituras, os visigodos chegaram bem cá em cima, a Braga, que vandalizaram. Vivo aproximadamente a mil metros de S. Frutuoso, que foi bispo de Braga e de Dume, e consta que foi por estas bandas que os visigodos mataram Requiário, entretanto capturado. Isto em meados de 460. O amigo António Diogo sabe alguma coisa destes factos? Será que eu vivo exactamente no lugar onde mataram o Requiário? My God… anda por aquí uma assombração… Será ele? :beafro:

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António Carlos Diogo
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Re: Apontamentos para o estudo da moeda visigótica

Mensagem por António Carlos Diogo » sábado mai 17, 2008 11:17 am

O primeiro período da expansão extra-Galécia do povo suevo, teve lugar nos reinados de Réquila (438-448) e de Requiário (448-456). Dada a sua debilidade demográfica...os suevos adoptaram o tipo descontínuo de implantação, principalmente localidades fortificadas, villae tardorromanas..., onde preparavam razias contra regiões que ainda não dominavam, pelos menos, efectivamente. Nestas razias apoderam-se de Mérida (439) e Sevilha (441); numa tentativa de recuperação, por parte das forças imperiais e visigodas, chefiadas pelo magister militum Vito, foi um autêntico desastre para as respectivas forças. Em 449, Requiário dirigiu-se para Tolosa, para casar com uma filha do rei Teodorico I, aproveitou para saquear parte da Tarraconense; chega a prometer a uma embaixada romana (452), não repetir os saques, não cumpre a promessa e em 456, já após a morte do sogro, na batalha dos Campos Cataláunicos, o cunhado Teodorico II, actuando em nome do imperador Avito, entrou na Península, na qualidade de comandante supremo do exército visigodo, empurrou as forças suevas para o Noroeste, conquista Braga e Portucale, onde Requiário é feito prisioneiro e logo executado. Em 469, ano em que termina a crónica de Idácio, e após reacção dos visigodos, chefiados por Eurico...os suevos voltam a ser empurrados para o Noroeste e Remismundo fica com sua área de influência, com fronteiras, provavelmente, a sul de Coimbra e da Idanha e a norte, oriente de Astorga, separando a Terra de Campos do Páramo leonês; as fontes posteriores, nada nos dizem do que se terá passado no noroeste da Península durante os oitenta anos seguintes.../...

- Adaptado de: "A Moeda Peninsular na Idade das Trevas, Mário Gomes Marques, Sintra, 1998."

Caro amigo, a assombração resulta exactamente do facto de os visigodos terem "limpo o sebo" ao Requiário aí por perto! :beafro: :biggthumpup:

António Diogo
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