As moedas de Mariano Melgarejo
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As moedas de Mariano Melgarejo
A LOS PACIFICADORES DE BOLIVIA MELGAREJO MUÑOZ
-1/4 de Melgarejo (generais Melgarejo e Munoz)
-1865
-Prata 0,666
-5 gramas
KM 144
CANTERIA DE POTOSI SEPTIEMBRE 5 DE 1865 - AL VALOR Y AL TALENTO - 1865
A LOS PACIFICADORES DE BOLIVIA MELGAREJO MUÑOZ
-1/2 Melgarejo (generais Melgarejo e Munoz)
-1865
-Prata 0,666
-10 gramas
-KM 145.1
GRATITUD DEL PUEBLO POTOSINO EN 1865 -666.Ms 400.Gs - AL VALOR DEL JENERAL MELGAREJO
AL PACIFICADOR DE BOLIVIA F P
-1 Melgarejo
-1865
-Prata 0,666
20 gramas
-KM 146
Essa é a célebre série boliviana do Gen. Melgarejo, cunhada em 1865, na Casa da Moeda de Potosi, comemorando a vitória do ditador na Batalha de Canteria de Potosi, na qual ele sufocou a rebelião que se levantava contra seu governo, "pacificando" a Bolívia.
A moeda homenageava o próprio Melgarejo, além de seu braço direito, o advogado Mariano Munoz. Tratava-se de uma "moneda feble", ou seja, moeda fraca, de liga baixa (0,666), que começou a gerar crises econômicas no país. A duras penas, a Bolívia tinha restabelecido uma moeda forte em seu território, o Boliviano, com o padrão coroa (25 gramas - 0,900), que ao conviver com a "moneda feble" de Melgarejo, começa a ser expulsa do mercado (a moeda ruim expulsa a boa).
Assim, a idéia de seu ministro, de produzir moeda ruim para quitar as dívidas e aliviar as crise internas, mostrava-se danosa aos interesses econômicos do país, e em 1866, essas cunhagens são encerradas.
Com os "Pesos Melgarejos" suspensos, Melgarejo acabou por ampliar o uso do Sistema Decimal, pelo "Decreto Supremo" de 12 de outubro de 1869, no qual o país voltava a bater moedas "saudáveis" em boa prata, todas dentro do dito Sistema Decimal, e para isso, equipou a Casa da Moeda de Potosi com um maquinário novo, totalmente moderno para a época.
Os "Pesos Melgarejo", como são chamados, não são fáceis de se achar em estado de conservação realmente bom, aparecem geralmente bem circulados (nunca vi um melhor que esse), o mesmo acontecendo com as divisionárias, mas em menor grau. Mesmo tendo vida curta, os exemplares que nos chegaram dão uma idéia de que devem ter circulado um bom tempo, mesmo depois da suspensão de sua validade. O "Peso" realmente é uma moeda interessante, bem gravada e bonita quando em bom estado.
Mariano Melgarejo Valencia - Nascido em Cochabamba, na Bolívia, em 1820. Fez carreira no exército boliviano, e sua vida foi uma sequência de batalhas, bebedeiras e bordéis, até que em 1854, foi capturado quando participava de uma "quartelada" fracassada para derrubar o governo. Foi condenado à morte, mas o presidente boliviano de então, Belzu, concedeu-lhe um indulto, que lhe salvou da forca.
Em 1864 a política boliviana, como todo país latino americano de então (o Brasil monárquico era exceção), era altamente instável, e eleições se aproximavam. Um dos candidatos ao governo, o Coronel Ballivan, resolveu atrair o General Melgarejo para seu lado, e utilizá-lo para tomar o poder por meio de uma quartelada (coisa típica).
Melgarejo aceitou na hora, reuniu tropas e tomou o palácio presidencial boliviano. Quando inquirido para que dissesse a favor de que candidato dava aquele golpe, respondeu: Quem haverá de ser senão a favor de mim mesmo?! E assim escanteou Ballivan, e tornou-se o Caudilho boliviano, com plenos poderes ditatoriais.
Seu governo foi caracterizado pela violência e pela arbitrariedade. "Governo com a constituição no bolso", teria dito. O poder para Melgarejo era instrumento para satisfazer as suas paixões e desejos pessoais. Mandou executar ou executou com as próprias mãos uma enorme lista de adversários políticos e mesmo inimigos pessoais.
A Bolívia empobreceu mais com Melgarejo, que praticava na verdade um "desgoverno". Perdeu milhões de libras com negócios desastrados e investimentos mal feitos (como a ferrovia Madeira-Mamoré, em parceria com o governo Brasileiro). Em 1866 ele declarou que as terras em posse dos índios bolivianos eram a partir daquele momento propriedade do Estado. Os índios (uns pobres miseráveis) teriam que pagar uma certa soma (elevada para eles) para continuar a ocupá-las, se não o fizessem seriam expulsos. Isso gerou inúmeras revoltas indígenas, que foram sufocadas com uma violência brutal. Os generais de Melgarejo disputavam para saber quem matava mais índios.
Em 1867, Melgarejo firma com o Brasil um tratado, onde a Bolívia perde cerca de 300.000 km2 de terra! Essa era a terra do atual estado brasileiro do Acre, junto do Estado do Amazonas. Diz a lenda que Melgarejo recebeu de presente do ministro brasileiro um belo cavalo branco, e mais alguns presentes, motivo pelo qual teria cedido aquela terra toda, que era motivo de disputa entre os países, visto que colonos brasileiros estavam se apossando do território. Na verdade, a história do cavalo não pode ser considerada como 100% verdadeira, já que o Brasil pagou alguma indenização aos bolivianos.
O General quis se intrometer até na guerra franco-prussiana, oferecendo a Napoleão III 1.600 soldados bolivianos para ajudar a defender Paris, tão somente porque o ditador admirava a França. Claro que esses soldados não puderam ser embarcados, e ele resolveu mandar a Napoleão III 10.000 pesos para que o francês tomasse "uns goles" em homenagem ao General.
O desgaste era grande, Melgarejo enfrentava com a habitual violência diversas rebeliões internas, até que em 1871 é apeado do poder depois da derrota de suas tropas. Fugiu para o Peru, onde, empobrecido e esquecido, foi morar na casa de uma antiga amante. Um irmão dessa mulher acaba por matar Melgarejo, farto de suas várias exigências.
Uma história pitoresca que se conta faz referência a um embaixador inglês. Conta a lenda, que Melgarejo chamou o embaixador inglês para uma bebedeira, no qual este teria declinado. Ofendido, o ditador ordenou que o inglês tomasse uma tacha enorme de chocolate quente. Quando começou a passar mal, Melgarejo mandou despir o embaixador, e colocou-o montado num burrico, virado de costas. Assim, o embaixador da orgulhosa Inglaterra foi alvo da chacota da população local. A rainha Vitória, ao saber, mandou bombardear La Paz. Quando foi informada que os canhões ingleses não chegavam até a cidade, pediu um mapa, e "riscou" a Bolívia, dizendo que a partir dali o país não existia mais nas relações inglesas. A maldição ao que parece pegou, pois a Bolívia é um dos países mais pobres do Cone Sul, e agora está sob o governo populista de extrema esquerda de Evo Morales...
Quem quiser conhecer o General pessoalmente, dê uma passada em Taratas, sua cidade natal... https://www.opinion.com.bo/articulo/inf ... 64556.html
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- jcmalheiro
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Re: As moedas de Mariano Melgarejo
Caro, Fabiano
É óptimo texto, leve e cativante.
O amigo fez uma magnífica recolha de dados biográficos do ditador latino-americano Melgarejo.
Saudações,
Malheiro
É óptimo texto, leve e cativante.
O amigo fez uma magnífica recolha de dados biográficos do ditador latino-americano Melgarejo.
Saudações,
Malheiro
- doliveirarod
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Re: As moedas de Mariano Melgarejo
ATUALIZADO.
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